Dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Joachim Nagel projetou que os juros europeus devem eventualmente seguir uma trajetória de flexibilização, para um nível não muito elevado, mas ainda distante do registrado antes da pandemia. Na visão dele, ainda não há sinais de que será necessário preparar a economia para um novo período de inflação baixa.
Em discurso preparado, Nagel sugeriu que há riscos maiores de persistência da inflação elevada.
"Até mesmo uma acomodação temporária da inflação em nível elevado traz o risco de desancoragem das expectativas. Não podemos permitir que isso se materialize", afirmou ele, que também é presidente do BC da Alemanha. "Caso a pressão sobre os preços seja renovada no médio prazo, teremos que agir novamente."
Entre as possíveis razões para nova alta da inflação, Nagel destacou as incertezas geopolíticas e a necessidade de aumentar a resiliência das cadeias de suprimentos de bens estrategicamente importantes. Outro fator seria a transição para uma economia descarbonizada, que teria impacto inflacionário inicial da saída de fontes de energia fóssil.
Ainda, o dirigente apontou a queda na demografia populacional de países desenvolvidos, com efeitos sobre o mercado de trabalho. "A falta de mão de obra é cada vez mais notável em países desenvolvidos. Projeto que a força de trabalho potencial deve ter queda de 80 mil pessoas por ano, em média, a partir de 2026", afirmou.
Para Nagel, uma política monetária apertada e juros mais elevados devem ajudar a controlar a inflação, atingindo a meta de estabilidade de preços em 2% no médio prazo.
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