Os juros futuros encerraram o pregão desta quinta-feira, 11, em queda, acompanhando a baixa dos Treasuries americanos, puxada por sinais de perda de ritmo da atividade dos Estados Unidos e China. Declarações de dirigentes do Banco Central e o otimismo com a inclusão de mecanismos de controle ("enforcement") no novo arcabouço fiscal ajudaram a sustentar o rali das taxas locais.
Na comparação com o ajuste da véspera, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 caiu 18,3 pontos-base, de 11,903% para 11,720%. Também houve baixas nos vencimentos para janeiro de 2024 (13,269% para 13,250%), 2025 (11,731% para 11,645%) e 2027 (11,503% para 11,345%). O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e 2029 caiu a 7 pontos-base, de 17,2 pontos no ajuste de ontem.
O fechamento da curva doméstica acompanhou o recuo dos juros americanos, diante da percepção de enfraquecimento da atividade - e, consequentemente, da inflação - após a renovação de temores de uma crise bancária nos Estados Unidos com o derretimento das ações do PacWest. A desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e pedidos de auxílio-desemprego maiores que o previsto foram na mesma linha.
O PPI anual americano desacelerou de 2,7% em março para 2,3% em abril - abaixo da mediana de analistas consultados pela FactSet (2,4%) -, enquanto os pedidos de auxílio-desemprego subiram 264 mil na semana encerrada em 6 de maio, acima da previsão da casa (246 mil). Sobre o cenário, pesou ainda a queda dos novos empréstimos na China, de 3,89 trilhões de yuans em março a 718,8 bilhões em abril.
"A baixa dos Treasuries ajudou a puxar esse movimento dos juros domésticos, que é estrutural: não tendo um sobressalto do ponto de vista político ou da gestão de política monetária ou fiscal, as taxas aqui têm uma tendência de queda", diz o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio. "A desaceleração da China também distensiona os preços de commodities e acaba tendo papel desinflacionário."
As taxas dos DIs repercutiram ainda a chance de corte de R$ 0,30 do preço do litro de gasolina pela Petrobras, noticiada na quarta-feira pelo G1. A possibilidade - que não foi negada ou confirmada pela petroleira em comunicado de ontem - ganhou força nos cenários após os recuos do petróleo (-2,33% WTI, -1,87% Brent) e do dólar (-0,27%, a R$ 4,9367) no pregão de hoje.
No cenário doméstico, operadores observaram entrevistas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, que reforçaram a percepção de queda da Selic no segundo semestre. Ao Faria Lima Journal, Campos Neto afirmou que o debate sobre a meta de inflação é válido e reconheceu "progressos" no processo de desinflação do País, devido à moderação dos preços de commodities e de alguns bens industriais.
O presidente do BC afirmou, no entanto, que os núcleos de inflação continuam elevados e que o desafio da autoridade monetária é ancorar as expectativas de inflação. Já Guillen disse ao Jornal O Globo que o País venceu a primeira etapa do combate à inflação, mas defendeu que é preciso "paciência e serenidade" no debate de juros. "A política monetária deve ficar restritiva", afirmou.
A assessoria do relator do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), confirmou ao Broadcast que o parecer dele sobre o texto só deverá ser entregue na próxima semana, provavelmente na terça-feira, 16. Ele deverá se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) nesta quinta-feira e confirmou que o texto será apresentado aos líderes na próxima segunda.
"De qualquer forma, na margem, as notícias do fiscal no Congresso estão vindo melhores, o que ajuda a perna longa da curva de juros locais", resume o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig.
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