A taxa média de juros no crédito livre continua a subir, mesmo após o fim do ciclo de alta da Selic e em meio ao aumento da inadimplência nos últimos meses. A taxa subiu levemente em março de 44,2% ao ano em fevereiro para 44,3% ao ano, informou nesta quarta-feira, 26, o Banco Central (BC).
Essa é a maior taxa desde agosto de 2017 (45,6%). No terceiro mês de 2022, era 7 pontos porcentuais mais baixa, de 37,3%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre continuou em 58,3% de fevereiro para março. Da mesma forma, para as pessoas jurídicas permaneceu em 24,1% entre os dos meses.
Cheque especial
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa teve redução: passou de 134,2% ao ano para 129,1% ao ano de fevereiro para março. No crédito pessoal, a taxa também foi reduzida de 42,2% para 42,0% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200.
Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Veículos
Os dados divulgados nesta quarta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 29,0% ao ano em fevereiro para 28,6% em março.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 31,2% ao ano em fevereiro para 31,6% ao ano em março. No terceiro mês de 2022, estava em 26,9%.
ICC
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em 22,3% ao ano entre fevereiro e março. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Spread
O spread em operações de crédito apresentou queda marginal em março. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 31,6 pontos porcentuais em fevereiro para 31,5 pontos porcentuais em março.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 45,6 para 45,2 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio continuou em 11,7 pontos porcentuais.
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.
O spread médio do crédito direcionado foi de 4,3 para 4,7 pontos porcentuais na passagem de fevereiro para março.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) continuou em 20,9 pontos porcentuais de fevereiro para março.
Inadimplência
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 4,5% em fevereiro para 4,6% em março, informou o BC. Esse é o maior nível desde maio de 2018, quando também era de 4,6%.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 6,1% para 6,2% de um mês para o outro. Para as famílias, é a maior taxa de calotes desde outubro de 2016, quando também era de 6,2%. No caso das empresas, a inadimplência ficou estável em 2,4% no período.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) permaneceu em 1,5% de fevereiro para março.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência seguiu em 3,3% de um mês para outro.
Endividamento das famílias
Na mira do governo federal, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou fevereiro em 48,6%, menor do que a taxa de janeiro (48,9%). O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho do ano passado (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,8% em fevereiro, contra 31,0% no primeiro mês de 2023.
Já o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou fevereiro em 27,4%, mesmo porcentual de janeiro. O maior valor da série foi atingido em setembro de 2022 (27,8%). Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou estável entre janeiro e fevereiro, em 25,4%.
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