Mesmo após o fim do ciclo de alta da Selic, a taxa média de juros no crédito livre subiu de 41,7% ao ano em dezembro para 43,5% em janeiro, informou nesta segunda-feira, 27, o Banco Central (BC). No primeiro mês de 2022, era de 35,3%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 55,4% para 55,6% ao ano de dezembro para janeiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 23,1% para 25,3%.
Cheque especial
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa apenas oscilou de 132,1% ao ano para 132,0% ao ano de dezembro para janeiro. No crédito pessoal, porém, a taxa passou de 40,9% para 41,7% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Veículos
Os dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 28,7% ao ano em dezembro para 29,0% em janeiro.
Operações livres e direcionadas
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 30,1% ao ano em dezembro para 31,2% ao ano em janeiro. No primeiro mês de 2022, estava em 25,6%.
ICC
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,4 ponto porcentual em janeiro ante dezembro, aos 21,9% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Spread
O spread em operações de crédito apresentou elevação em janeiro. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 28,7 pontos porcentuais em dezembro para 30,6 pontos porcentuais em janeiro, informou o Banco Central.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 42,2 para 43,5 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 10,3 para 12,7 pontos porcentuais.
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.
O spread médio do crédito direcionado foi de 4,3 para 4,6 pontos porcentuais na passagem de dezembro para janeiro. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 19,3 para 20,5 pontos porcentuais de dezembro para janeiro.
Inadimplência
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos subiu de 4,2% para 4,5% de dezembro para janeiro, informou o Banco Central. Esse é o maior patamar desde maio de 2018 (4,6%).
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência subiu de 5,9% para 6,1% de um mês para o outro, o maior nível desde novembro de 2016 (6,1%). No caso das empresas, teve alta de 2,1% para 2,3% período, o maior desde maio de 2020 (2,4%).
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 1,2% para 1,3% em janeiro ante dezembro
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência variou de 3,0% em dezembro para 3,2% em janeiro, mesmo porcentual de maio de 2020.
Endividamento das famílias
Os dados de endividamento e de comprometimento de renda das famílias com o sistema financeiro não tiveram atualização na Nota de Crédito divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central devido ao atraso na publicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Nesta segunda, a previsão era de divulgação do endividamento e do comprometimento de renda de dezembro, mas a Pnad do trimestre móvel de outubro-dezembro de 2022 só será publicada na terça-feira, 28. Até novembro, o endividamento estava em 49,5% e o comprometimento de renda, em 27,7%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o calendário de divulgações da Pnad foi revisado "em virtude da criação de uma força-tarefa que está utilizando a estrutura de coleta das Superintendências Estaduais para a coleta do Censo Demográfico 2022, houve extensão do prazo de fechamento do banco de dados das entrevistas".
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