O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reduziu nesta sexta-feira, 30, suas projeções para a inflação em 2023. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,6% para 5,1%, enquanto a do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) saiu de 5,5% para 4,9%. Ambos os índices são apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os cortes nas projeções foram motivados por um "comportamento mais favorável das commodities e do câmbio", informou o Ipea.
"Os dados mais recentes mostram que a melhora na trajetória dos principais índices de preços no país vem surpreendendo favoravelmente, de modo que o processo de desinflação da economia brasileira se acentuou no último trimestre", frisou o Ipea, na Carta de Conjuntura divulgada nesta sexta-feira.
O instituto lembra que o IPCA iniciou o ano com uma alta acumulada em doze meses de 5,8%, que arrefeceu a 3,9% em maio de 2023.
"Em junho, a expectativa é de que esta taxa recue ainda mais, tendo em vista que os dados do IPCA-15 mostram que a alta de 0,04% apontada neste mês foi bem inferior à observada neste mesmo período do ano anterior (0,69%). Adicionalmente, nota-se que, embora parte desta desaceleração ainda esteja ligada à forte queda dos preços administrados, ocorrida entre julho e setembro do ano passado, o melhor desempenho dos preços livres, especialmente dos alimentos e dos bens industriais, tem se constituído no principal foco de descompressão inflacionária nos últimos meses", apontou.
O Ipea lembra que a inflação acumulada em 12 meses voltará a subir ao longo do segundo semestre de 2023, uma vez que não devem se repetir as fortes deflações provocadas pelo corte de tributos no mesmo período do ano passado. "Entretanto, em que pese esta aceleração esperada da inflação, a expectativa é de que ela ocorra de modo bem menos intenso que o projetado anteriormente", previu.
No IPCA, a alta estimada para os preços administrados em 2023 recuou de 8,2% para 7,9%, repercutindo a expectativa de reajustes menos acentuados para os combustíveis e para a energia elétrica. Para os preços livres, os pesquisadores esperam um comportamento mais benigno em todos os bens e serviços desse segmento.
Para os alimentos no domicílio, a projeção de alta de preços caiu de 4,5% para 3,7%. Para os bens industriais, a elevação prevista arrefeceu de 3,0% para 2,4%, devido a "uma demanda menos aquecida e de uma pressão menor sobre os custos de produção, associados à queda das commodities metálicas, à normalização das cadeias produtivas e à recente apreciação cambial".
A expectativa para a inflação de serviços livres saiu de 6,0% para 5,6%, "resultante de uma trajetória mais bem comportada nos primeiros meses que a estimada anteriormente, especialmente em relação aos segmentos ligados a transporte, além de uma acomodação da demanda ao longo do segundo semestre".
Quanto ao INPC, a inflação projetada para os preços administrados desceu de 8,0% para 7,6%, e para os alimentos no domicílio foi revista de 4,4% para 3,5%. Os bens industriais saíram de 3,2% para 2,7%, e os demais serviços livres, de 6,0% para 5,7%.
"Deve-se ressaltar, no entanto, que, embora com baixa probabilidade, não está descartado o surgimento de focos de pressão inflacionária, que podem atenuar esta desaceleração mais intensa dos índices de preços em 2023. Neste contexto, os riscos estão associados, sobretudo, a mudanças na trajetória das commodities no mercado internacional e à reversão no comportamento da taxa de câmbio, além de uma pressão de demanda mais forte no setor de serviços", apontaram os pesquisadores Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes, na Carta de Conjuntura.
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