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Inflação e expectativas longas permitiram acumular confiança para iniciar ciclo gradual, diz BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou nesta terça-feira, 8, na ata de seu encontro deste mês, que a melhora do quadro inflacionário aliada à queda das expectativas inflacionárias em prazos mais longos "permitiram acumular a con

Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues (via Agência Estado)

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Escrito por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues (via Agência Estado)
Publicado em 08.08.2023, 10:46:00 Editado em 08.08.2023, 10:50:23
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou nesta terça-feira, 8, na ata de seu encontro deste mês, que a melhora do quadro inflacionário aliada à queda das expectativas inflacionárias em prazos mais longos "permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária". Na semana passada, o Copom iniciou o ciclo de afrouxamento da Selic com uma queda de 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano, após um ano de estabilidade.

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Segundo o comitê, a melhora do cenário para a inflação reflete em parte os efeitos defasados da política monetária após o maior ciclo de alta de juros da história do Copom. No caso da queda das expectativas longas, o BC destaca que foi depois que o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a meta inflacionária em 3,0% para os próximos anos.

Na ata, como no comunicado, a autoridade monetária também atualizou o balanço de riscos para a inflação, que continua com o mesmo número de fatores para as ameaças de alta e de baixa.

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Entre os riscos de alta, o BC citou uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e trouxe como novidade uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Na reunião anterior, em junho, eram três riscos de alta e dois deles não estão mais presentes no cenário atual do BC: o risco "residual" sobre o desenho do arcabouço fiscal e a chance de a desancoragem ser maior ou mais duradoura.

Entre os riscos de baixa, o BC ressalta uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e o risco de os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. Em junho, estavam presentes os riscos de quedas adicionais nos preços de commodities e de desaceleração do crédito maior do que a condizente com o ciclo de política monetária.

Ambas as opções compatíveis

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Após uma decisão rachada sobre o primeiro corte da taxa Selic, o Copom esclareceu, na ata da reunião da semana passada, que o colegiado considerou haver mérito tanto em uma redução inicial da taxa Selic de 0,25 ponto porcentual quanto de 0,50 ponto porcentual.

Além disso, avaliou que ambas as opções seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta, a depender do ciclo que fosse empreendido. "Ambas as opções, a depender do ciclo empreendido, seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta tanto nos cenários de referência do Comitê, como em outros cenários apresentados na reunião."

Por outro lado, houve também consenso que, qualquer que fosse a decisão, um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária.

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Na semana passada, o Copom iniciou o ciclo de afrouxamento da Selic com uma queda de 0,50pp, de 13,75% para 13,25% ao ano, após um ano de estabilidade - o que gerou surpresa em parte do mercado, especialmente diante da projeção oficial de inflação de 2024, de 3,4%, acima da meta de 3,0%. A decisão foi bem rachada, com 5 diretores votando a favor de 13,25% e quatro por 13,50%.

Segundo a ata, o grupo minoritário defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa, como havia sido indicada no Copom anterior, em junho, já que não houve nenhuma alteração relevante no cenário para justificar a alteração. "Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura e, na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização", explicou o BC.

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A ala mais agressiva, porém, destacou que o nível significativamente contracionista da política monetária permitiria iniciar o ciclo de cortes da Selic já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, "sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária".

"Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação", informou a ata.

Credibilidade

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Diante de temores do mercado de que o Copom se torne mais leniente com o combate à inflação à medida em que entrem novos membros indicados pelo governo Lula, o colegiado teve entendimento "unânime" de que deve-se garantir a credibilidade e a reputação do BC em qualquer formação da diretoria. Esse entendimento foi construído já com a participação de dois escolhidos de Lula no colegiado: Gabriel Galípolo e Ailton Aquino.

Essa avaliação foi feita em meio à discussão do comitê sobre os fatores que poderiam explicar a desancoragem parcial das expectativas de inflação mesmo depois da decisão do CMN de manter a meta inflacionária em 3,0% nos próximos anos e de anunciar a mudança do sistema de ano-calendário para meta contínua. "Mencionou-se a hipótese de percepção dos agentes de que, ao longo do tempo, o Banco Central poderia tornar-se mais leniente no combate à inflação. Foi unânime o entendimento de que, independentemente da composição da diretoria colegiada ao longo do tempo, deve-se garantir a credibilidade e a reputação da Instituição."

Dentre os demais fatores mencionados para reancoragem ainda parcial em prazos mais longos estava a incerteza que ainda persiste entre os agentes sobre a superação dos desafios fiscais, evidenciada nas expectativas de resultado primário que divergem das metas estabelecidas pelo governo. "O Comitê retirou de seu balanço de riscos a incerteza residual sobre a aprovação do arcabouço fiscal, mas, em sua discussão, notou que a dinâmica fiscal seguia sendo relevante em seu cenário-base."

Nesse caso, foi considerado que contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere "a ancoragem das expectativas em torno das metas previstas no novo arcabouço fiscal, com a manutenção do compromisso fiscal externado, além de uma diminuição das incertezas acerca das medidas tributárias que fundamentam a execução de tal objetivo". A frase faz alusão à incerteza sobre as receitas adicionais que o Ministério da Fazenda terá de obter para atingir o objetivo de resultado primário neutro em 2024.

Também foi mencionado por outros membros do Copom como possível explicação para a desancoragem ainda observada nas expectativas um cenário global de maior inflação, uma vez que há a possibilidade de uma inflação externa em níveis mais elevados por período prolongado.

Sobre a reancoragem parcial após o CMN, o Copom enfatizou o ganho de credibilidade produzido pela decisão de manter a meta em 3,0% em 2026, sem mudança nas bandas ou nos objetivos já definidos para os anos anteriores. Além disso, o comitê considerou que o anúncio de adoção da meta contínua, que ainda terá as regras estabelecidas, "reduziu a incerteza sobre as metas dos anos subsequentes, também contribuindo para maior reancoragem". "Notou-se, por conseguinte, um impacto positivo nas expectativas de inflação logo após a decisão do CMN, reforçando a interpretação de ganho de credibilidade do regime de metas para a inflação."

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