Apesar de destacar a redução da inflação nos últimos meses, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta quinta-feira, 10, que a autoridade monetária segue preocupada com a dinâmica da inflação de serviços. "Temos uma preocupação específica com a inflação de serviços, que não tem caído tanto quanto as outras inflações", afirmou, em arguição pública no plenário do Senado.
Campos Neto avaliou que, apesar da inflação de serviços não estar caindo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve mostrar uma pequena melhora. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga na sexta-feira, 11, o índice de inflação de julho.
Ele voltou a argumentar que o combate à inflação no Brasil não levou a uma queda forte na economia. "O PIB já está bastante acima de antes da pandemia e desemprego teve melhora. Melhora de desemprego no País é perceptível na comparação com outros países. O Brasil se destaca claramente com pouco dano ao PIB e ao emprego", completou.
Para o presidente do BC, o que preocupa no médio prazo é queda de 2,0 para 1,8% na expectativa do mercado a respeito do crescimento potencial do Brasil para os próximos anos. "Isso significa dizer que se o Brasil crescer mais de 1,8% ele irá gerar inflação", alertou.
O presidente do BC defendeu novamente o regime de metas de inflação brasileiro que, segundo ele, tem se mostrado muito eficiente para manter a inflação controlada. Campos Neto também repetiu que a autonomia da instituição auxilia o combate à inflação.
"Os dados mostram que o ganho de autonomia na América Latina gerou queda de inflação ao longo da história", acrescentou Campos Neto, renovando críticas à política monetária da Argentina.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais "parcimoniosa", de 0,25 ponto. O colegiado sinalizou ainda a manutenção desse ritmo de cortes nas próximas reuniões.
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