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Indústria têxtil vê reação tímida em 2024 e defende taxação de compras internacionais

A indústria têxtil começa o ano com previsões de desempenho conservadoras, enquanto fecha as contas de 2023, quando o setor alega ter sido fortemente prejudicado pela onda de importações nas plataformas de comércio eletrônico. A concorrência com produtos

Eduardo Laguna (via Agência Estado)

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Escrito por Eduardo Laguna (via Agência Estado)
Publicado em 01.01.2024, 10:33:00 Editado em 01.01.2024, 10:37:34
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A indústria têxtil começa o ano com previsões de desempenho conservadoras, enquanto fecha as contas de 2023, quando o setor alega ter sido fortemente prejudicado pela onda de importações nas plataformas de comércio eletrônico. A concorrência com produtos importados tornou-se a principal preocupação das fábricas de vestuário, levando a indústria a levantar a bandeira da taxação até mesmo das pequenas encomendas em sites usados pela concorrência estrangeira, como Shein, AliExpress e Shopee.

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A previsão da Abit, entidade que representa a indústria têxtil, é de reação tímida em 2024, com crescimento entre 0,5% e 0,9% da produção, depois do tombo do ano passado. As últimas estatísticas, feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e relativas a outubro, mostram queda em 12 meses de 8,4% nas vendas de tecidos, vestuário e calçados. Na produção, houve, em igual período, recuo de 9,3% nas fábricas de confecção de artigos de vestuário e acessórios.

Diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel diz que o reforço nos programas sociais, a recuperação do emprego e a inflação mais comportada não ajudaram o suficiente diante dos estragos causados pelas importações de roupas. "O ano passado não terminou bem, havia uma expectativa melhor", comenta o executivo, apontando também o efeito negativo dos juros altos, ainda que em menor intensidade porque o setor não é tão dependente de crédito.

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Ele diz que, em 2024, a melhora de desempenho vai depender da isonomia tributária com as plataformas internacionais de e-commerce. Essa reivindicação foi em parte atendida com o lançamento em agosto do programa Remessa Conforme, pelo qual impostos sobre as importações passaram a ser cobrados antes da chegada da mercadoria ao consumidor.

O programa mudou a regra anterior que deixava a porta aberta à sonegação, pois os tributos eram cobrados apenas após a chegada dos produtos no Brasil, sendo que a Receita Federal não era previamente informada das encomendas. No entanto, pequenas encomendas em sites internacionais, num limite de US$ 50, ficaram isentas do imposto federal.

Na última sexta-feira, 29, ao se manifestar contra a medida provisória que acaba gradualmente com a desoneração da folha de pagamentos, que tinha o setor entre as 17 atividades beneficiadas, a Abit disse ser difícil compreender a isenção das pequenas encomendas quando o objetivo é zerar o déficit das contas públicas. Na véspera, a associação já tinha lamentado a ausência da taxação das compras de até US$ 50 no pacote de arrecadação anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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Conforme estimativas da Abit, as encomendas de produtos estrangeiros em sites passaram de 200 milhões em 2023, depois de marcar um número já expressivo em 2022: 178 milhões. Mais da metade das compras nessas plataformas (57%) vem da China, sendo que as roupas representam o item mais comprado pelos brasileiros.

Por conta desses números, 77% das empresas do setor têxtil e de confecção apontam a concorrência com produtos importados sem a devida isonomia tributária como o maior desafio deste ano. O dado, que faz parte de uma enquete feita pela Abit com empresários dessa indústria, superou a preocupação, citada por 55% dos participantes da pesquisa, com a elevada carga tributária.

O levantamento ainda mostra que 48% dos empresários veem uma tendência positiva para os negócios neste ano, apontando motivos como a realização de investimentos para ganhar participação de mercado e adaptações feitas pelas companhias para superar adversidades.

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Pimentel pondera, no entanto, que o otimismo é cauteloso. "Não temos a expectativa de que 2024 será pior do que 2023, mas tampouco esperamos um ano de exuberância no consumo."

Conforme a enquete, realizada pela Abit entre os dias 21 de novembro e 1º de dezembro, com 101 respostas, 57% das fábricas de produtos têxteis pretendem adotar novas tecnologias nos processos produtivos independentemente do cenário de negócios. A leitura é de que o setor está preocupado em melhorar sua produtividade para competir com os concorrentes estrangeiros.

Também é grande o interesse, manifestado por 76% dos empresários, de iniciar ou ampliar esforços de vendas por meios digitais. Esse objetivo se baseia na avaliação de que o setor também precisa usar as plataformas de comércio eletrônico para chegar a mercados internacionais, a exemplo do que faz a concorrência estrangeira no Brasil.

Já a intenção de ampliar ou abrir novas fábricas, que depende mais do crescimento do mercado, é citada por apenas 17% das empresas, ou 24% se o cenário melhorar. "O mercado está meio travado e existe uma concorrência grande das importações. A empresa investe, então, em modernização para melhorar a sua competitividade. Ampliação de capacidade, no entanto, vai depender do crescimento do consumo", observa o presidente da Abit.

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