O número de registros de inadimplentes no Brasil caiu 3,0% em setembro, na comparação com agosto, e cedeu 2,8% no terceiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior, de acordo com a Boa Vista. "O indicador recuou pela terceira vez consecutiva, a quinta nos últimos seis meses, e isso se deve a uma melhora de quase todos os fatores condicionantes", afirma Flávio Calife, economista da entidade, em nota No confronto com setembro de 2022, o índice que mede o total de pessoas inadimplentes no País registrou queda de 5,0%. Segundo a entidade, trata-se da primeira variação negativa nesta base de comparação após quase um ano e meio. Contudo, houve crescimento de 0,6% no total daqueles que descumpriram suas obrigações financeiras. "Os resultados acumulados se mantiveram numa tendência de desaceleração", cita a Boa Vista em nota. No ano, o crescimento do indicador passou de 10,9% para 9,1% e na análise acumulada em 12 meses desacelerou de 16,8% em agosto para 13,7% na aferição atual. O economista da Boa Vista ainda afirma que já é possível notar melhora "mais nítida" no endividamento e no comprometimento de renda das famílias no início do terceiro trimestre. Segundo ele, o programa federal Desenrola, de renegociação de dívida, pode ter uma contribuição indireta nesse processo de melhora. "Sabemos que o programa está voltado às pessoas físicas que estavam com alguma restrição de crédito até o final do ano passado, mas dois meses e meio depois do início das renegociações, com descontos e condições melhores, é possível que a capacidade de pagamento das famílias tenha melhorado", diz. Conforme Calife, isso pode ter feito com que as pessoas conseguissem honrar seus compromissos mais recentes também, evitando assim um novo registro.
A Boa Vista ainda registrou aumento de 1,7% no indicador sobre recuperação de crédito no País em setembro em relação a agosto. No terceiro trimestre, o índice subiu 2,3% no confronto com o período de abril a junho de 2023. Em relação ao mês de setembro de 2022, houve crescimento de 27,1%. Essa alta, segundo a entidade, contribuiu para manter a curva de longo prazo do indicador em ritmo acelerado. A expansão da recuperação de crédito passou de 20,1% para 20,9% entre gosto e setembro no acumulado de 12 meses. No acumulado de 2023, o Indicador de Recuperação de Crédito acelerou a 18,7% contra o mesmo período de 2022. Também neste caso, o economista da Boa Vista atribui o crescimento às renegociações propiciadas por meio do Desenrola. Só no terceiro trimestre, cita Calife, afirma que houve um aumento quase 24% em comparação ao mesmo período de 2022. "Não é a primeira vez em que isso acontece, mas esse desnivelamento entre as curvas de longo prazo dos indicadores de registros e recuperação não é comum", observa.
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