O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, disse nesta sexta-feira, 1º de dezembro, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicar desde agosto que o ritmo de corte de Selic em 0,50 ponto porcentual será mantido nas "próximas reuniões" - no plural - tem objetivo de enfatizar que o ritmo é adequado, sem se comprometer com um orçamento total para o corte de juros.
"A parte importante do comunicado tem sido dizer que o ciclo será o necessário para trazer a inflação para a meta. O mandato do BC é sobre a meta, mas precisamos considerar os fundamentos da inflação, que incluem a reancoragem das expectativas", afirmou o diretor do BC, em palestra no evento Barclays Day, em São Paulo.
Guillen disse ainda que o Copom debateu nas últimas reuniões quando a moderação da atividade doméstica viria, visto que os resultados da economia vieram mais forte que o esperado em 2022 e nos primeiros trimestres deste ano.
"O primeiro trimestre foi impulsionado pela agricultura e o segundo trimestre pelo consumo das famílias. Isso é muito relacionado com a confiança do consumidor, que começou a cair na segunda metade do ano", destacou o diretor.
Segundo Guillen, tem sido difícil "entender e racionalizar" alguns números do mercado de trabalho, com a continuidade da abertura de vagas de trabalho sem pressões visíveis nos salários. "Alguma coisa está mudando no mercado de trabalho, com o desemprego reduzindo sem aparente pressão inflacionária. Há o risco de algo estar acontecendo e nós não estarmos vendo. Precisamos monitorar com cuidado", completou.
O diretor de Política Econômica do Banco Central disse também que, após o pico na metade de 2022, a inflação brasileira vem caindo desde então, mas segue acima do centro da meta inflação.
"A alimentação no domicílio surpreendeu bastante, está com deflação em 12 meses. Já a inflação de serviços segue resiliente, relacionada ao consumo e a medidas contracíclicas ainda em vigência", afirmou Guillen.
Ele lembrou que as expectativas mais longas do mercado para a inflação estão estáveis, mas ainda acima da meta: em 3,5% para 2025, 2026 e 2027, ante um objetivo contínuo de 3,0%.
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