As importações de produtos químicos somaram US$ 46,7 bilhões no acumulado de janeiro a setembro de 2023. O volume representa uma redução de 25,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim). As exportações, por sua vez, foram de US$ 10,9 bilhões, o que representa um recuo de 6% no mesmo intervalo de comparação.
Com isso, a balança comercial (diferença entre exportação e importação) brasileira de produtos químicos de janeiro a setembro registrou déficit de US$ 35,8 bilhões, o terceiro da série histórica calculada pela Abiquim dentro deste mesmo intervalo acumulado, perdendo apenas para 2022 (US$ 64 bilhões) e 2021 (US$ 46,2 bilhões). A entidade prevê para o consolidado de 2023 um déficit de até US$ 48 bilhões.
Segundo a Abiquim, apesar da queda de janeiro a setembro, o cenário atual é de uma forte entrada de produtos químicos importados no Brasil em um contexto classificado de "alarmante" de surtos de aquisições predatórias e desleais. A entidade aponta que os mercados de países asiáticos têm se aproveitado da guerra no leste europeu para vender produtos a um preço artificialmente mais competitivo no mercado brasileiro.
No intervalo acumulado até setembro, segundo a Abiquim, foram registrados expressivos aumentos nos volumes de importações de plastificantes (76,6%), de resinas termoplásticas (18%), de produtos petroquímicos básicos (12,3%), de intermediários químicos para detergentes (6,7%), entre outros produtos químicos diversos para uso industrial (14,4%). A entidade aponta que o preço importado destes produtos é, aproximadamente, 30% abaixo do valor que seria o normal em média.
A Abiquim alerta que essas importações acontecem em meio a realizações de preços predatórios, que estão provocando desequilíbrio no mercado interno. O nível médio de ociosidade na indústria química brasileira está em quase 35%, patamar considerado elevado, e o ritmo de produção e vendas das empresas domésticas está no patamar mais baixo dos últimos 17 anos.
A diretora de economia e estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, aponta que o alto volume de importações de químicos a partir de países asiáticos acontece porque estes mercados utilizam insumos como gás natural, energia e matérias-primas russas, a partir de preços favorecidos em razão da guerra. A China é hoje o principal destino de exportações de óleo e gás da Rússia, segundo a diretora.
Diante do quadro, a diretora da Abiquim pede o encerramento imediato da redução de 10% na alíquota do imposto de importação de produtos químicos, que foi aplicada unilateralmente pelo Brasil.
Fátima também defende a efetivação de uma lista de elevações transitórias à Tarifa Externa Comum do Mercosul, que contemple os produtos químicos que mais sofreram com um surto predatório de aumento de mais 60% no volume das suas importações.
"A superação do particularmente crítico momento para o setor depende de um conjunto de ações pragmáticas e de alto impacto no curto prazo quanto ao acesso às matérias-primas e insumos energéticos em condições equivalentes àquelas dos principais players mundiais. Essas ações devem ainda ser combinadas com as políticas prioritárias na agenda de comércio exterior", afirmou Fátima.
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