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Ibovespa tem mais longa série negativa em 25 anos e recua 3,18% no mês

Com foco na Petrobras (ON +0,06%, PN -0,23%) - que contribuía mais cedo para leve alta do Ibovespa e perdeu sustentação com falas de autoridades, no lançamento do novo PAC, pouco tranquilizadoras para a política de preços dos combustíveis -, o índice da B

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 11.08.2023, 20:55:00 Editado em 11.08.2023, 18:00:51
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Com foco na Petrobras (ON +0,06%, PN -0,23%) - que contribuía mais cedo para leve alta do Ibovespa e perdeu sustentação com falas de autoridades, no lançamento do novo PAC, pouco tranquilizadoras para a política de preços dos combustíveis -, o índice da B3 chegou hoje ao nono fechamento diário negativo. Trata-se de uma sequência não vista, conforme o

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AE Dados

, desde o intervalo entre 31 de julho e 12 de agosto de 1998 quando se ingressava na crise financeira da Rússia - uma turbulência global que levaria o BC brasileiro no mês seguinte, setembro, a colocar a taxa de referência bem perto de 50% ao ano, em forte choque de juros anunciado tarde da noite, depois das 22h, para tentar sustar a saída de dólares do País. Há 25 anos, o Ibovespa saía dos 10.939 pontos, no fechamento anterior (30 de julho) à série negativa, para os 8.417 pontos no fim da sequência, em 12 de agosto de 1998, com perda diária na faixa de 0,31%, no dia 5, a 5,31%, em 4 de agosto. Mesmo igualada a série em extensão, o ajuste do Ibovespa é bem mais discreto agora, com Selic a 13,25% e mundo menos convulsionado, apesar das preocupações quanto ao ritmo de esfriamento da atividade chinesa e o nível da política monetária nas maiores economias. Assim, o índice da B3 teve queda de 3,18% nessas primeiras nove sessões de agosto, e de 1,21% na semana - a terceira retração semanal consecutiva -, restringindo o avanço do ano a 7,59%. Nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre 117.415,21 e 119.053,92 pontos, após abertura aos 118.349,60, e encerrou o dia em baixa de 0,24%, aos 118.065,14 pontos, no menor nível desde 19 de julho, então aos 117.552,07 pontos. O giro financeiro subiu a R$ 25,9 bilhões nesta última sessão da semana. Em dia que se mostrava fraco, e assim se manteve, para as ações de maior peso no Ibovespa, a perda de fôlego em Petrobras, à tarde, foi decisiva para que o índice da B3 se aproximasse hoje da metade de agosto apenas com recuos no mês. Entre as principais ações, bancos como BB (+1,09%), Santander (Unit +0,52%) e Itaú (PN +0,18%) conseguiram escapar do tom negativo no fechamento desta sexta-feira, ruim para Vale (ON -0,83%) e outros nomes do setor metálico, como Gerdau (PN -0,85%), que têm sido acossados por dúvidas em torno do nível de demanda na China, país que, nesta semana, confirmou sua primeira deflação desde 2021. A grande exposição da B3 a commodities tem resultado em saída de recursos estrangeiros da Bolsa, apontam analistas. "O gringo continua na ponta de venda, já tiraram R$ 6,2 bilhões neste mês. E o setor de commodities segue sofrendo, com China - o estrangeiro acaba fazendo essa ligação direta", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. As dúvidas em relação aos preços domésticos dos combustíveis são outro fator que não tem contribuído. "A elevação da recomendação do UBS para Petrobras até poderia ter ajudado a ação hoje, mas isso não aconteceu porque o mercado continua muito atento, preocupado, com a política de preços dos combustíveis - e falas do Jean Paul Prates (presidente da Petrobras) e do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) no lançamento do novo PAC, no Rio, não agradaram ao mercado", acrescenta Monteiro, destacando que os investidores seguem atentos a sinais de "intervencionismo" na estatal. Em discurso com forte tom político, Prates afirmou hoje que a Petrobras tem obrigação, como estatal, de contribuir com o novo PAC, e prometeu que a empresa voltará a "lotar" os estaleiros nacionais, com encomendas de embarcações, para expandir os negócios de petróleo e gás nos próximos anos. Silveira, por sua vez, mencionou "abrasileiramento" dos preços dos combustíveis, um movimento que, afirmou o ministro, é benéfico ao consumidor - embora ele tenha sustentado que a estatal possui "autonomia" para elevar os preços, e que reajustes ocorrerão nas refinarias caso o preço do Brent continue a subir. Hoje, a referência global foi negociada acima de US$ 86 por barril, mas as ações da Petrobras fecharam o dia sem acompanhar o movimento de alta. Na ponta do Ibovespa no fechamento, destaque para Yduqs (+8,16%), Sabesp (+5,64%) e Copel (+3,42%), com Locaweb (-8,08%), Soma (-7,31%) e Azul (-6,42%) no lado oposto. Esta última sessão da semana havia começado em tom positivo, com abertura da composição do IPCA de julho - mesmo com o índice (+0,12%) acima do teto das projeções para o mês - trazendo bons sinais para os preços, em especial no segmento de serviços, com desempenho favorável também em grupos como os de Alimentos e Habitação. O grupo de Transporte, por outro lado, foi o decisivo para que o ritmo de inflação se acentuasse um pouco em julho, chegando a 3,99% no acumulado em 12 meses. "A dúvida está na dinâmica do preço dos combustíveis diante a recente valorização do petróleo. Na quarta-feira (9), o barril encerrou o pregão cotado a US$ 87,55. A defasagem da gasolina atingiu a máxima do ano, 35% em relação aos preços internacionais (R$ 1,21/litro)", observa Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. "À parte a discussão sobre os combustíveis, a leitura que o mercado vem fazendo é a de que o Banco Central poderá acelerar o corte de juros para o ritmo de 75 bps (em alguma das próximas três reuniões do ano), caso a inflação de serviços (aspecto que deixa o Copom parcimonioso) confirme tendência de desaceleração, em conjunto com melhora adicional nas expectativas de inflação", acrescenta a economista, em nota. Nesse contexto, bem longe de consenso quanto à inflação, ao ritmo de cortes de juros e a fatores microeconômicos - como a política de combustíveis vis-à-vis rentabilidade da Petrobras -, o mercado ajustou expectativas para o comportamento das ações no curtíssimo prazo, no Termômetro Broadcast Bolsa, com o quadro agora dividido entre alta e estabilidade. A expectativa de ganhos, que na pesquisa anterior era majoritária - em 63,64% dos participantes -, agora tem fatia de 40,00%, contra 60,00 que esperam variação neutra, que eram 27,27% no último Termômetro. A previsão de queda, que na semana passada era de 9,09%, não foi citada no levantamento de hoje.

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