Após alta moderada, destoando dos mercados de ações do exterior e das commodities, o Ibovespa acelerou os ganhos na manhã desta terça-feira, 31, subindo acima dos 113 mil pontos, na véspera das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
A aceleração coincide com a mudança de sinal dos índices futuros de Nova York e com as afirmações feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em encontro com o Conselho da Febraban, em São Paulo.
Entre as palavras, Haddad disse que desde primeiro de janeiro não discute o tema "combustíveis" e que a preocupação deste governo é com a diminuição do déficit previsto para este ano. Segundo ele, a reforma tributária prevê redução da carga. "O mercado reagindo bem às falas do Hadad. Foi sucinto nas falas", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Em nova York, o arrefecimento de um indicador de atividade reforça a expectativa de um Fed menos duro na condução dos juros. O índice de custo de emprego dos EUA aumentou 1% no quarto trimestre de 2022 ante os três meses anteriores, desacelerando em relação ao avanço de 1,2% do terceiro trimestre.
Entre os papéis ligados a commodities, Vale cedia em torno de 0,40%. A mineradora divulga os dados de produção e vendas no quarto trimestre de 2022 após o fechamento da B3.
Com a alta até o momento, o Ibovespa acumula valorização de 3,40% em janeiro, após ceder 2,45% em dezembro de 2022, cair em janeiro de 2021 (-1,63%) e de 2022 (-3,32%). Ontem, o principal indicador da bolsa brasileira fechou em baixa de 0,04%, aos 112.273,01 pontos.
A queda do dólar à vista e dos juros futuros também ajudam o índice a subir, bem como sinais de entrada de fluxo, destaca Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. "Isso ajuda a performance da Bolsa", afirma, acrescentando que além das decisões de juros e da divulgação de balanços aqui (amanhã tem Santander) e no exterior, o mercado espera a eleição para presidente no Senado e na Câmara. Isso porque o governo fala em esperar o resultado para dar andamento à reforma tributária. "O grande diferencial será a margem dos vitoriosos, o que indicará facilidade ou não nas negociações do governo", afirma Spiess, completando ainda: "esperamos também que o arcabouço fiscal seja crível."
Além dos EUA, há a expectativa da decisão de política monetária na Europa esta semana, além de balanços corporativos norte-americanos das big techs. No geral, há o temor de que os juros fiquem altos por mais tempo do que o esperado, dado o quadro ainda elevado de inflação, o que reforçaria a possibilidade de uma recessão americana e europeia.
Em meio a indícios de arrefecimento da inflação, o Fed deve subir os juros em 0,25 ponto porcentual. Segundo Felipe Reymond Simões, economista e diretor da WIT Asset, um aumento dessa magnitude, após a elevação de meio ponto porcentual em dezembro, indica que "provavelmente" os juros devem parar em 5,5% ao ano.
"De modo geral, é bom para o mundo, porque é um indicativo de que estão confortáveis membros do Fed com o nível de inflação atual e que essa taxa de juros já é suficiente para conter a alta", avalia Simões em nota.
Nos EUA, há uma ansiedade do mercado em relação aos eventos e divulgações da semana, especialmente em relação à decisão do Fed, amanhã. Conforme Leonardo Santana, analista da Top Gain Research, a ansiedade do mercado dá-se mais por conta das possíveis sinalizações do banco central americano. "A grande questão é se Powell Jerome Powell, presidente do Fed indicará mais altas dos juros nas próximas reuniões e quão duradoura será eventuais elevações", diz.
No Brasil, a estimativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic em 13,75% ao ano amanhã. Espera-se que o Banco Central indique os próximos movimentos, em meio a incertezas no atual governo, especialmente na seara fiscal. Aliás, o governo espera a eleição no Congresso, também nesta quarta, mesmo dia do Copom, para definir os passos de reforma tributária.
Às 11h29, o Ibovespa subia 1,01%, aos 113.402,10 pontos, após abertura aos 112.273,01 pontos e mínima diária de 112.144,78 pontos (-0,11%).
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