Embalado desde a manhã por Vale (ON +4,10%) e Petrobras (ON +2,94%, PN +2,54%), o Ibovespa obteve o quarto ganho consecutivo, em sua melhor sequência desde o intervalo de 20 a 26 de julho, de cinco altas. Assim, foi alçado hoje ao maior nível de fechamento desde 4 de agosto, então aos 119.507,68 pontos. Hoje, oscilou dos 118.181,15, mínima na abertura, até os 119.748,08 pontos, na máxima do dia no fim da tarde, e encerrou em alta de 1,03%, aos 119.391,55 pontos, com giro financeiro a R$ 24,0 bilhões na sessão. Na semana, o índice da B3 avança 3,54% e, no mês, tem alta de 3,15%. No ano, acumula ganho de 8,80%.
As ações de commodities reagiram positivamente à nova iniciativa da China para estimular a própria economia - grande consumidora de insumos -, por meio de corte nos depósitos compulsórios recolhidos ao Banco Central. Perspectiva mais favorável sobre o ritmo de atividade na maior economia asiática já vinha induzindo recuperação das ações de produtores de matérias-primas, especialmente as do setor metálico, como Vale, cuja ON ainda acumula perda de 17,32% no ano - em setembro, sobe 7,74% e, na semana, 5,11%.
Com o petróleo em alta perto de 2% nesta quinta-feira, colocando o Brent na faixa de US$ 93 por barril, as ações da Petrobras também foram bem na sessão, acumulando agora ganhos de 6,04% (PN) e 8,43% (ON) no mês - em 2023, avançam respectivamente 69,86% e 60,87%. Na ponta do Ibovespa na sessão, além de Vale e Bradespar (+5,17%), destaque também para CSN (+3,65%), CSN Mineração (+3,26%) e Cosan (+3,19%).
No lado oposto, destaque para a queda de 18,92% em Via, ação que passou por sete leilões ao longo da sessão, por ter atingido a oscilação máxima permitida, em meio à reação negativa dos investidores à precificação de R$ 0,80 por ação no follow on de papéis da companhia. "A oferta foi precificada com um desconto de 28% sobre o fechamento de ontem. Com isso, a companhia irá captar R$ 623 milhões, que devem ser utilizados no reforço do capital de giro, na otimização da estrutura de capital e na renegociação de dívidas", observa a Guide Investimentos. No campo perdedor na sessão, destaque também para Azul (-4,31%), Pão de Açúcar (-3,17%) e Gol (-3,09%).
"Hoje, as ações do setor de commodities responderam bem ao corte de compulsório na China, mas o cenário ainda é desafiador, de forma que o Ibovespa, no ponto atual, deve manter uma lateralização nessa faixa que vai dos 117 mil até a resistência dos 121 mil, nível que enfrentará dificuldade para romper", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.
Ele menciona um cenário externo ainda difícil, com juros elevados nas maiores economias, apesar da recente melhora de perspectiva em relação à China. No contexto doméstico, o mercado volta a prestar atenção à situação fiscal e a eventuais medidas de oneração tributária para que o governo consiga se aproximar ou eventualmente atingir a meta de déficit zero para o próximo ano.
Lá fora, "os dados americanos de hoje sugerem manutenção dos juros do Federal Reserve na semana que vem", mas, considerando os últimos resultados corporativos trimestrais, as ações no índice amplo de Nova York, o S&P 500, ainda estão esticadas, observa Harada. E, com o nível de endividamento que se tem por lá, as empresas poderão começar a encontrar dificuldade no vencimento das dívidas, o que mantém no radar a possibilidade de correção mais aguda, tendo em vista o nível em que os índices de ações estão, acrescenta o gestor.
"Hoje, o núcleo do índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos teve variação quase em linha com a expectativa para o mês de agosto. Também pela manhã, foi divulgada a leitura semanal sobre pedidos iniciais de auxílio-desemprego, em leve alta frente ao intervalo anterior, mostrando certo arrefecimento do mercado de trabalho americano. Por outro lado, as vendas do varejo nos Estados Unidos vieram bem acima do esperado para agosto, em alta de 0,6%", diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.
Na próxima quarta-feira, no Brasil, também haverá a decisão do Copom sobre os juros de referência, a Selic. "Seguimos esperando um corte de 0,5 ponto porcentual, levando a taxa de juros para 12,75% ao ano. Entendemos que pressões domésticas e globais ainda devem manter o tom de cautela dos diretores do Banco Central - incluindo a recente alta nos preços de petróleo, o elevado nível das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, além do risco fiscal latente e da economia ainda resiliente por aqui", aponta Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.
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