Ao contrário do dia anterior, quando não conseguiu acompanhar ganhos acima de 1% nos três principais índices de ações de Nova York, o Ibovespa teve recuperação moderada nesta terça-feira, 31, embora sem conseguir apagar perda de 0,14% acumulada nessas duas primeiras sessões de semana mais curta e que convida à cautela, com o feriado da quinta-feira no Brasil, pós-Copom. Assim, a referência da B3 oscilou dos 112.098,12 aos 113.597,32 pontos, da mínima à máxima do dia, encerrando em alta de 0,54%, aos 113.143,67 pontos, com giro financeiro a R$ 19,0 bilhões.
O Ibovespa terminou outubro acumulando perda de 2,94% no mês, vindo de ganho de 0,71% em setembro, que havia sucedido queda de 5,09% em agosto - um mergulho que tinha interrompido uma sequência positiva entre abril e julho, que levava então o índice da B3 a acumular, em 31 de julho, alta de 11,13% no ano. Com a correção que se impôs a partir de agosto, e que se mantém neste fim de outubro com fatores de risco como a guerra no Oriente Médio e a escalada dos rendimentos dos Treasuries longos nos Estados Unidos, o Ibovespa mostra agora avanço de apenas 3,11% em 2023.
Após ter cedido 7,16% no primeiro trimestre, com perdas acumuladas em fevereiro (-7,49%) e março (-2,91%), no que foi seu pior trimestre de abertura de ano desde 2020 (o primeiro da pandemia), o Ibovespa teve boa recuperação no intervalo abril-junho de 2023, quando avançou 15,9%, puxado em especial pelo salto de 9% em junho, que colocou o primeiro semestre no positivo (+7,61%).
Com a correção após julho, o Ibovespa, na moeda norte-americana, fechou setembro a 23.188,74, um pouco mais 'barato' do que no encerramento de agosto, quando mostrava 23.376,98 pontos, mês em que, além da retração de 5,09% para o índice de ações nominal, houve avanço de 4,69% para o dólar frente ao real - em setembro, tais variações ficaram, respectivamente, em +0,71% e +1,53%, com o dólar, de volta a R$ 5, em alta mais forte do que a do índice de ações no mês.
Agora em outubro, com o dólar a R$ 5,04 no fechamento desta última sessão do mês, o Ibovespa, na moeda norte-americana, foi a 22.442,90 pontos, abaixo dos níveis registrados nos dois meses anteriores. Em outubro, o dólar teve variação contida em relação ao real, em alta de 0,29% no intervalo.
Na mínima desta terça, pouco acima do limiar de 112 mil pontos, o Ibovespa tocou o menor nível desde 6 de outubro no gráfico intradiário, tendo batido durante aquela sessão nos 111.598,57 pontos. Desde o último dia 20, o índice da B3 tem operado em parte da sessão abaixo dos 113 mil pontos, tendo encerrado na faixa dos 112 mil em três oportunidades no mês, nos dias 30, 25 e 23 de outubro.
Graficamente, "se o Ibovespa perder a região dos 112 mil pontos, perde também a média móvel de 200 períodos, referência observada de perto pelo mercado, na medida em que, abaixo desse nível, pode abrir caminho para quedas mais abruptas, que o levariam, provavelmente, aos 108,3 mil pontos, a região de suporte seguinte", diz Stefany Oliveira, head de análise de trade da Toro Investimentos.
Na última sessão do mês, o Ibovespa mostrou à tarde avanço semelhante ao dos índices de Nova York, que mostraram alta de 0,38% (Dow Jones), 0,48% (Nasdaq) e 0,65% (S&P 500) no encerramento do dia, majoritariamente positivo também nos mercados da Europa e da Ásia, ainda que em grau moderado.
Aqui, os investidores, ajustando as carteiras em fim de mês, deixaram em segundo plano as preocupações com a perspectiva para o fiscal no Brasil, após os controversos sinais deixados nas duas sessões anteriores pelo presidente Lula e, de certa forma, também pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com relação ao compromisso de zeragem do déficit primário no próximo ano, previsto no arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso.
"Nos Estados Unidos, a situação também não é muito favorável. De forma resumida, há um receio similar por lá, com despesas e dívidas crescentes, que vêm pressionando o juro longo", observa Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.
Por aqui, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta terça que a meta fiscal não foi discutida na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com líderes de partidos aliados. Além de Padilha e de Haddad, estavam na reunião, no Palácio do Planalto, os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil).
"Antes da abertura, os dados divulgados bem cedo no exterior, como o PMI chinês em contração, decepcionaram, mas, no Brasil, veio uma leitura favorável sobre a taxa de desemprego, pela manhã. Haddad decepcionou ontem ao deixar em aberto a questão do déficit zero para 2024, o que preocupa pelo lado fiscal. Mas tivemos queda hoje na curva de juros, o que sempre ajuda a Bolsa", diz Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos.
Pela manhã, os dados do IBGE sobre a taxa de desemprego deram suporte à percepção de que a economia se mantém resiliente, gerando postos de trabalho com carteira assinada, o que ampara o consumo das famílias. No trimestre até setembro, a taxa de desemprego foi a menor desde 2014, para intervalo mensal equivalente, e a menor, independente do período de medição, desde fevereiro de 2015. E a população ocupada chegou agora a nível recorde na série histórica iniciada em 2012.
"A taxa de desemprego no trimestre até setembro de 2023 ficou em 7,7%, uma queda de 1,0 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado e uma diminuição de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior", aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research, acrescentando que os dados do mês mostram um mercado de trabalho "resiliente e aquecido".
Na ponta do Ibovespa nesta última sessão do mês, destaque para Gol (+8,92%), Pão de Açúcar (+8,38%) e BRF (+6,17%), com Braskem (-3,08%), Magazine Luiza (-2,92%) e Bradesco (PN -1,41%) no canto oposto.
Entre as ações de commodities, o dia foi positivo para Vale (ON +1,20%), mas negativo para Petrobras (ON -0,86%, PN -0,97%), com o petróleo em baixa de 1,5% na sessão. Os grandes bancos fecharam na maioria em queda, à exceção de Santander, em alta de 0,79%.
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