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Ibovespa sobe 0,36%, aos 101,8 mil pontos, com foco em juros

O Ibovespa conseguiu sustentar leve alta nesta terça-feira, 4, na contracorrente do sinal de Nova York, tocando os 103 mil pontos na máxima da sessão, vindo de perdas nos dois fechamentos anteriores, de 0,37% ontem e de 1,77% na sexta-feira. Ao fim, a ref

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 04.04.2023, 18:17:00 Editado em 04.04.2023, 18:23:14
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O Ibovespa conseguiu sustentar leve alta nesta terça-feira, 4, na contracorrente do sinal de Nova York, tocando os 103 mil pontos na máxima da sessão, vindo de perdas nos dois fechamentos anteriores, de 0,37% ontem e de 1,77% na sexta-feira. Ao fim, a referência da B3 mostrava ganho de 0,36%, aos 101.869,45 pontos, entre 101.504,82, mínima correspondente à abertura, e 103.055,92 na sessão. Fraco, o giro financeiro foi de R$ 20,4 bilhões nesta terça-feira. Na semana, o Ibovespa fica praticamente zerado (-0,01%) e, no ano, cai 7,17%.

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O dia foi negativo para as ações de commodities, com o minério em baixa de 2% na China (Dalian), e o petróleo acomodado na sessão, após salto de 6% para o Brent e o WTI ontem. Vale ON cedeu 2,83% e Petrobras ON e PN fecharam, respectivamente, em baixa de 1,41% e 0,90%. Na siderurgia, o ajuste negativo chegou a 2,44% (Gerdau PN) no fim da sessão. O desempenho do setor de materiais, contudo, foi contrabalançado por avanço de outro segmento de peso, o financeiro, com ganhos entre as ações de grandes bancos indo a 2,26% (Bradesco PN).

Na ponta do Ibovespa, destaque para Rede D'Or (+4,55%), Prio (+4,48%), Hypera (+4,04%) e TIM (+3,40%). No lado oposto, CVC (-5,37%), Via (-4,42%), 3R Petroleum (-3,54%) e Gol (-3,43%). O índice de materiais básicos caiu hoje 1,77%, enquanto o de consumo, mais correlacionado à economia doméstica, subiu 1,12% nesta terça-feira.

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Por diversos critérios, os ativos na B3 seguem muitos descontados, seja pela razão Preço/Lucro a 7 vezes - em nível ainda semelhante ao visto na crise global de 2008 -, seja quando se contrapõem os atuais preços de mercado aos respectivos preços-alvo das ações, entre outros parâmetros, observa Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

"Há muito valor na Bolsa, mas precisa ser destravado", acrescenta, mencionando fatores externos e domésticos, dentre os quais o arcabouço fiscal, uma ideia que ainda precisa ser "comprada" pelo mercado - não apenas sobre como a proposta será implementada, mas também quanto ao formato final em que emergirá da tramitação pelo Congresso, que tem assistido disputa entre os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o modelo de tramitação de medidas provisórias pelo Congresso, com ou sem comissões mistas.

Hoje, contudo, "acompanhando melhora lá fora nos rendimentos dos Treasuries após dados de emprego mais acomodados nos Estados Unidos, a ponta longa da curva de juros seguiu o sinal aqui, contribuindo para a alta do Ibovespa na sessão", aponta Noernberg. "Os dados oficiais sobre o mercado de trabalho em março, da sexta-feira (7 de abril), serão muito importantes para a próxima decisão de juros nos Estados Unidos, em maio, quanto ao Federal Reserve elevar em 25 pontos-base ou esperar um pouco pra ver, quem sabe com uma pausa no aumento de juros."

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O relatório JOLTS de fevereiro, divulgado hoje - e que costuma ser monitorado de perto pelo Federal Reserve -, sugere uma menor disponibilidade de vagas em aberto nos Estados Unidos - ou seja, um mercado mais ajustado, com menos espaço para os trabalhadores buscarem incremento de renda, cuja evolução vinha contribuindo, entre outros fatores, para pressionar a inflação. Dados eventualmente mais fracos na sexta-feira, com relação ao ganho salarial médio ou a geração de vagas em março, podem tirar pressão do Fed que, na última reunião, ainda mostrou mais preocupação com a inflação do que com os problemas vistos em parte do sistema bancário.

Se por um lado dados econômicos mais fracos como os desta terça-feira - não só os de trabalho, mas também os referentes a encomendas à indústria nos EUA, em queda de 0,7% em fevereiro ante janeiro, superior à que se projetava (-0,6%) -, por outro, reforçam a percepção, assim como a derivada de leituras recentes sobre a economia chinesa, de uma desaceleração global, o que afeta ações de setores correlacionados à demanda externa, como o de mineração e siderurgia, bem como as exportadoras em geral, aponta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

"Para outros setores, acaba sendo positivo de certa forma, na medida em que tira parte da pressão sobre os juros lá fora, o que se reflete aqui, internamente, com os juros mais longos fechando", acrescenta Moliterno, referindo-se também ao arcabouço fiscal. "Há muitos economistas falando, dizendo se o arcabouço fiscal fica de pé ou não, mas o mercado tenta ver o copo ainda meio cheio, de forma positiva", diz. "Temos algo proposta de arcabouço para se discutir. Se é exequível ou não, é o que se verá para frente, quando o texto for apresentado e tramitar no Congresso", acrescenta.

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