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Ibovespa se descola de NY e tem 2ª alta do mês, de volta aos 116 mil pontos

O Ibovespa voltou a ensaiar recuperação nesta terça-feira, em que chegou apenas ao segundo ganho diário deste agosto, mês no qual a B3 tem sofrido com a retração do investidor estrangeiro, segmento que já acumula saques líquidos na casa de R$ 10,6 bilhões

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 22.08.2023, 17:51:00 Editado em 22.08.2023, 17:55:44
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O Ibovespa voltou a ensaiar recuperação nesta terça-feira, em que chegou apenas ao segundo ganho diário deste agosto, mês no qual a B3 tem sofrido com a retração do investidor estrangeiro, segmento que já acumula saques líquidos na casa de R$ 10,6 bilhões no intervalo até a última sexta-feira, 18. Nesta terça, o índice de referência da bolsa brasileira subiu 1,51%, aos 116.156,01 pontos, conseguindo se descolar da cautela que prevaleceu em Nova York (Dow Jones -0,51%, S&P 500 -0,28%, Nasdaq +0,06%), especialmente nas ações de bancos americanos, após rebaixamento da nota de crédito da S&P para instituições financeiras regionais.

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No dia, o Ibovespa oscilou dos 114.433,39, mínima que correspondeu à abertura, até os 116.285,57 pontos (+1,62%), com giro financeiro mais uma vez bem fraco, a R$ 20,7 bilhões. Na semana, o índice passa a acumular leve ganho de 0,65%, vindo de perdas ao longo das quatro semanas anteriores. No ano, ainda sobe 5,85%. Com a retomada da linha de 116 mil pontos, o Ibovespa volta ao nível de encerramento em que estava há uma semana, no fechamento do último dia 15, quando chegou à 11ª da série de 13 perdas diárias, a mais longa de que se tem registro na Bolsa, desde 1968. A alta desta terça foi a maior desde 21 de julho (+1,81%).

Embora o cenário externo, nebuloso para China como para Estados Unidos - as duas maiores economias do globo -, permaneça como principal fator para a falta de apetite por risco que tem prevalecido desde a virada de julho para agosto, a perspectiva de votação final do arcabouço fiscal, possivelmente ainda no período da noite na Câmara dos Deputados, contribuiu nesta terça-feira para alguma descompressão no câmbio e na curva de juros, o que ajudou o desempenho das ações, observa Pedro Canto, analista da CM Capital.

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Assim, com ativos de grande liquidez "amassados", como os papéis de bancos (BB ON +2,26%, Itaú PN +1,56%, Santander Unit +1,25%, Bradesco ON +0,68%), o dia foi também de recuperação para as ações com exposição ao ciclo externo, especialmente Vale, que subiu nesta terça 2,25% (ON), à frente do setor metálico (destaque para Gerdau PN +1,08%).

"Siderurgia e mineração tinham ficado bem para trás com as preocupações sobre a China, a perspectiva negativa sobre a economia chinesa que havia prevalecido nos últimos dias", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. Ele destaca que o minério de ferro fechou, nesta terça, no maior patamar em três semanas, o que favoreceu também a Vale, ação com maior peso individual no Ibovespa e que se mantém muito descontada.

No fechamento, a ação da mineradora era cotada nesta terça-feira a R$ 62,58, ainda cedendo 7,21% no mês e 26,21% no ano. A tonelada do minério, no contrato futuro mais negociado em Dalian (China), subiu nesta terça 4,47%, a US$ 110,42.

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Petrobras ON e PN também avançaram nesta terça-feira, respectivamente, 1,33% e 1,32% (máxima do dia no fechamento) mesmo com o sinal negativo do Brent e do WTI, em Londres e Nova York, na sessão. Na ponta do Ibovespa, IRB (+9,14%), Vibra (+7,61%) e Eztec (+6,99%), com Marfrig (-1,83%), Petz (-1,47%) e Carrefour Brasil (-0,97%) puxando a fila oposta.

Apesar do fôlego mostrado pelo índice em um dia de giro bem fraco, o fluxo externo para a B3 se mantém como um fator de preocupação. Nos primeiros 18 dias do mês, com apenas uma alta diária no intervalo - na última sexta-feira -, quase metade do fluxo de ingresso de capital estrangeiro em 2023 tomou a porta de saída, reduzindo o saldo líquido do ano desse importante segmento a R$ 13,466 bilhões.

"Os juros americanos dos Treasuries continuam nos maiores níveis desde 2007, e isso ainda não foi para o preço das ações por lá, cujo desempenho tem sido amparado em especial pelo setor de tecnologia, concentrado no Nasdaq mas com peso também no S&P 500, em meio às novidades em torno da inteligência artificial", diz o analista da CM Capital.

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"Aqui, a percepção quanto ao fiscal melhorou, e a Selic está caindo, mas a B3 é vista também como uma proxy de China, pela exposição que tem a commodities, o que ajuda a entender essa retirada dos estrangeiros em agosto.

Com investidor doméstico apenas, fica difícil subir", acrescenta Canto, notando que, no fim de julho, o S&P 500 estava a cerca de 5% de sua máxima histórica, e desde então a correção do índice amplo de Nova York é de 4,39% em agosto.

"Alguma coisa não está muito certa com os preços", diz o analista, destacando o descasamento entre o nível dos índices de ações em Nova York, mesmo com a moderada correção em curso, e os rendimentos dos Treasuries, livres de risco. Como agosto é um mês de férias no hemisfério norte, com movimentos usualmente mais contidos no período, um ajuste mais forte pode vir em setembro com a normalização dos negócios, observa também o gestor de renda variável da Western Asset, Cesar Mikail - caso, até lá, não venham catalisadores que alterem a cautela quanto ao cenário externo.

Nesse contexto, o mercado global estará atento a mais uma edição do simpósio anual de Jackson Hole, especialmente ao pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, em busca de eventuais pistas sobre a política monetária americana, com os juros de referência por lá já na faixa de 5% ao ano. Os dados, em particular os do mercado de trabalho nos EUA, continuam a vir fortes, o que modifica aquele viés que prevalecia quanto às chances de pausa, de proximidade de fim de ciclo de alta dos juros americanos, que guiava também a retomada de otimismo do mercado no fim de julho, aponta Canto, da CM Capital.

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