O Ibovespa operou colado à linha de estabilidade nesta quarta-feira, 10, tendo oscilado apenas 840 pontos entre a mínima (126.928,28) e a máxima (127.769,25) da sessão, em que saiu de abertura aos 127.109,09 pontos. Dessa forma, reteve a linha dos 127 mil pelo segundo fechamento consecutivo, hoje em alta de 0,09%, aos 127.218,24 pontos, mantendo-se no maior nível desde 21 de maio. O giro ficou em R$ 20,2 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 0,75% e, no mês, avança 2,67%, limitando a perda do ano a 5,19%.
O dólar à vista fechou o dia em leve baixa de 0,04%, a R$ 5,4126, e a curva de juros doméstica também cedeu terreno, com o exterior favorável na sessão e a leitura abaixo do esperado para o IPCA em junho, divulgada pela manhã, que contribuiu para reforçar a descompressão suscitada por sinais melhores do governo quanto ao fiscal. Nesse contexto, o Ibovespa estendeu hoje a série positiva pela oitava sessão, igualando em extensão a sequência entre 4 e 15 de maio de 2023.
O IPCA registrou alta de 0,21% em junho, abaixo das estimativas do Projeções Broadcast (piso de 0,27%). Nos últimos 12 meses, o índice acumulou alta de 4,23%, perto do piso de 4,25%.
"Em relação ao qualitativo, tivemos dados positivos. Preços de serviços, serviços subjacentes e serviços intensivos em trabalho recuaram no acumulado em 12 meses, e na média móvel de três meses anualizada e ajustada sazonalmente", afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "O Banco Central está atento à dinâmica destes segmentos, dada a surpresa da atividade econômica e do mercado de trabalho. Mesmo com essa desaceleração, ainda seguem em patamar acima do desejado pela autoridade monetária", pondera.
Por outro lado, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, destacou nesta quarta-feira a "surpresa positiva" do IPCA de junho e avaliou que, aliado à possibilidade de início de corte das taxas de juros americanas em setembro, o Banco Central brasileiro teria um cenário propício para "talvez" retomar caminho de "redução sustentada" da Selic no começo de 2025, reporta de Brasília a jornalista Amanda Pupo, do Broadcast.
"O BC americano está mantendo a taxa elevada por mais tempo, o que também cria limites para o nosso Banco Central reduzir a taxa aqui. Mas também há sinais de que o Fed a partir de setembro vai começar a reduzir a taxa de juros. Reduzindo lá, abre espaço também para reduzirmos aqui", disse Mello em live realizada pelos jornais O Globo, Valor Econômico e pela Rádio CBN.
Em todo o mundo, investidores voltaram a acompanhar os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, hoje em audiência na Câmara dos Deputados. Ele manteve o tom da véspera no Senado, enquanto o mercado aguarda a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, amanhã.
Powell disse hoje que a política monetária nos Estados Unidos está restritiva, mas não "intensamente". Para ele, o cenário sugere que a taxa neutra de juros está mais alta do que foi o caso no passado. Durante a audiência na Câmara, ele apontou também que não espera que os juros básicos voltem a ficar nos níveis baixos anteriores à pandemia.
Na B3, com a queda de 3,76% no minério de ferro em Cingapura e de 1,81% em Dalian, o dia foi negativo para o setor metálico. Vale ON, a ação de maior peso no Ibovespa, cedeu hoje 1,35%, enquanto as perdas entre as siderúrgicas ficaram entre 0,17% (Gerdau PN) e 1,25% (Usiminas PNA) no fechamento da sessão. "O minério de ferro registrou a terceira queda em quatro dias, e o cobre recuou em meio a sinais negativos provenientes da China. As siderúrgicas e incorporadoras chinesas reportaram perdas, e os dados de inflação destacaram a fraqueza persistente no maior importador de metais", aponta em nota a Guide Investimentos.
"O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) da China desacelerou inesperadamente para 0,2% em junho na comparação anual, enquanto o Índice de Preços ao Produtor (PPI) registrou retração de 0,8%, ressaltando o risco de deflação" que paira sobre a recuperação econômica no país asiático, acrescenta a Guide.
O petróleo, por outro lado, avançou nesta quarta-feira, amparado por queda maior do que a esperada no levantamento semanal sobre os estoques da commodity nos EUA, o que sinaliza demanda firme. Apesar do avanço dos preços do Brent e do WTI na sessão, Petrobras ON e PN encerraram o dia, respectivamente, em baixa de 0,29% e 0,94%.
O dia foi positivo para as ações do setor financeiro, o que assegurou o fechamento do Ibovespa acima da linha de estabilidade. Destaque, entre as maiores instituições, para a alta de 3,63% em Santander Unit e também para Bradesco (ON +1,76%, PN +1,69%). Na ponta do Ibovespa, além de Santander, destaque para Lwsa (+3,56%), Eztec (+3,19%), Rumo (+2,66%) e Cyrela (+2,54%). No lado oposto, apareceram Azul (-4,83%), CVC (-1,86%), Natura (-1,83%) e Vivara (-1,76%).
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