O Ibovespa sustentou o segundo dia de alta nesta quinta-feira, 15, amparado pelo otimismo com o País devido à expectativa de cortes na taxa Selic a partir de agosto e à melhora de perspectiva da S&P para o rating do Brasil, de estável para positiva. O índice avançou 0,13% e encerrou a sessão com 119.221,0 pontos, o novo pico do ano, apesar de ajustes em alguns papéis após a forte alta de 1,99% anotada na véspera.
Essa combinação de vetores positivos foi suficiente para compensar as quedas das ações preferenciais e ordinárias da Petrobras - de 2,36% e 1,48%, respectivamente - com a decisão da companhia de reduzir os preços da gasolina nas refinarias em 4,66% a partir desta sexta-feira, 16. O desempenho da empresa também acabou limitado por um movimento de realização de lucros após os papéis terem atingido a máxima histórica.
Profissionais do mercado destacaram que o corte realizado pela Petrobras reacendeu os temores de interferência na empresa, em um momento no qual as estimativas de entidades do setor apontam que os preços domésticos já estão abaixo do padrão internacional. Esses vetores acabaram se sobrepondo à melhora da perspectiva para o rating da empresa anunciada pela S&P e às altas acima de 3% nos preços do petróleo.
Em contrapartida, a queda dos juros futuros ao longo da sessão ajudou a amparar ações ligadas à economia doméstica em setores como imobiliário (0,45%) e consumo (0,29%), enquanto o aumento de 1,43% nos preços do minério de ferro e a expectativa de crescimento da demanda chinesa sustentaram o segmento de materiais básicos (1,45%), com destaque para os papéis ordinários da Vale, que ganharam 0,78%.
"O Ibovespa buscou mostrar um viés positivo nesta quinta-feira, com o potencial de valorização da moeda, a decisão da S&P, e apoiado pela performance de Wall Street e pela valorização de commodities como o petróleo, embora o movimento de realização de alguns lucros tenha atenuado a alta", diz o especialista em investimentos da Blue3 Investimentos Guilherme Mendes.
Em Nova York, o índice S&P 500 avançou 1,22%, ao maior nível desde abril de 2022. S&P 500 e Nasdaq também anotaram ganhos superiores a 1%, puxados por uma recuperação após a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de interromper o ciclo de aperto monetário na quarta-feira, 14.
Para o operador de renda variável da One Investimentos Victor Miranda, a melhora das expectativas para a demanda chinesa e o fluxo de recursos estrangeiros para o País ajuda a explicar o novo ganho registrado pelo Ibovespa na sessão, em um cenário de performance positiva para ativos de risco globalmente. "A Bolsa tem performado bem especialmente no mês de junho, devido à entrada de fluxo estrangeiro", afirma.
Conforme dados da B3, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 1,619 bilhão na Bolsa brasileira na sessão de terça-feira, 13. No mês de junho, houve entrada de R$ 6,145 bilhões e, no acumulado do ano, de R$ 13,023 bilhões.
Braskem PNA foi o destaque positivo da sessão, com ganho de 6,43%, sustentado pelas especulações do mercado em torno da possível compra da empresa pela Unipar. Ações ligadas à economia doméstica, como Yduqs ON (5,57%), CVC ON (3,90%) e Hapvida (3,72%) aparecem na sequência. Suzano ON (3,62%) completa a lista das cinco maiores altas do pregão após ter aumentado os preços de celulose no mercado asiático.
As principais perdas do dia foram observadas em B3 ON (-3,35%), Lojas Renner (-1,95%), Magazine Luiza (-1,57%) e Vibra ON (-1,57%), além de Petrobras PN. O Ibovespa oscilou entre mínima de 118.692,80 pontos e máxima de 119.686,12 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 29,0 bilhões na sessão.
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