Após renovar máxima, o Ibovespa desacelerou a alta, em meio à instabilidade dos índices futuros de Nova York. A valorização é atribuída a uma tentativa de ajuste das perdas deste mês que beiram 8%. Enquanto as ações de bancos sobem acima de 1% em sua maioria, Petrobras migrou para o negativo, apesar da elevação do petróleo no exterior. Os investidores seguem na expectativa do anúncio de nomes da equipe de Fernando Haddad, na Fazenda. Espera-se que os indicados tenham perfis técnicos.
"O Ibovespa sobe, mas infelizmente tem se distanciando de qualquer leitura de fundamento. O valuation é atrativo, mas não é gatilho de curto prazo. Os mercados têm observado os ruídos (principalmente políticos) em excesso. A questão doméstica ficou por conta da PEC da transição impasse, e agora tem a votação do orçamento secreto. Dia e semana devem ser de muita emoção", avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus.
Às 11h11, o Ibovespa subia 0,47%, aos 103.343,76 pontos, ante máxima aos 103.896,70 pontos (alta de 1,01%) . Petrobras caía 1,04% (PN) e -0,52% (ON); Vale ON cedia 0,98%. Em Nova York, os índices futuros tinham sinais divergentes perto da estabilidade, enquanto o petróleo subia cerca de 2% no exterior e o minério caiu 3,70% em Dalian, na China.
Internamente, o avanço das incertezas fiscais tem elevado as projeções para a inflação no Brasil e para os juros, como destaca hoje o Boletim Focus.
Ontem à noite, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o dinheiro público utilizado em programas sociais de renda básica, como o Auxílio Brasil, pode ficar fora do teto de gastos. A determinação deve afetar a tramitação da PEC da Transição na Câmara, cuja votação está prevista para amanhã.
A aprovação de Gilmar Mendes do uso de créditos extraordinários para financiar Auxílio Brasil fortalece a posição de Lula frente ao Centrão, que exige maior participação no seu governo para aprovar a PEC da Transição, avalia em relatório a LCA Consultores.
O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, diz em nota que como o impasse em torno da PEC vinha ajudando na melhora dos ativos, a "canetada" do STF deve cair mal entre os investidores, ao abrir espaço para os gastos conforme desejado pelo novo governo.
"O noticiário mostra preocupação com uma inflação mais alta em 2023 e elevadas taxas de juros. Prêmios de risco continuam em alta", descreve a LCA.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,85%, aos 102.855,70 pontos, zona considerada de perigo, como destaca o economista Álvaro Bandeira, em comentário matinal. "Se vazar abaixo dos 102 mil pontos, teremos situação perigosa fazendo com que o mercado acelere perdas e certamente estimulará a busca por proteção pelos investidores contra a volatilidade", cita o também consultor de Finanças.
"Os investidores estão preocupados com recessão global. A alta no número de casos de covid na China e desorganização da economia chinesa no período de saída da política da covid zero. Aqui, há preocupação com as políticas que serão implementadas pelo novo governo em um ambiente fiscal bastante complicado", afirma Bandeira.
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