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Ibovespa perde fôlego no fim e cai 0,01%, aos 103,7 mil pontos

Pelo segundo dia, o Ibovespa buscou resistir à correção no exterior, mais forte nesta quinta-feira, 15, em que as perdas em Nova York chegaram a 3,23% (Nasdaq) e nos principais mercados da Europa continental também superaram a marca de 3%, nesta quinta-fe

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 15.12.2022, 18:52:00 Editado em 15.12.2022, 18:59:01
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Pelo segundo dia, o Ibovespa buscou resistir à correção no exterior, mais forte nesta quinta-feira, 15, em que as perdas em Nova York chegaram a 3,23% (Nasdaq) e nos principais mercados da Europa continental também superaram a marca de 3%, nesta quinta-feira de elevação de juros na zona do euro e no Reino Unido. Aqui, após enfraquecimento no começo da tarde com o sinal negativo lá fora, a referência da B3 chegou a se firmar em alta com o relato de que a PEC da Transição está fazendo água, na Câmara dos Deputados. Contudo, a recuperação perdeu todo o fôlego no fechamento do dia.

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No mês, as perdas do Ibovespa (-7,78%) ainda superam as do índice amplo de Nova York, o S&P 500 (-4,52%), mas nesta quinta-feira, com os relatos que chegaram de Brasília, conseguiu fechar quase sem variação, em leve baixa de 0,01%, aos 103.737,69 pontos, enquanto a referência de NY cedeu 2,49% na sessão. Na semana, o Ibovespa cai 3,52%, pelo terceiro dia seguido com desempenho negativo no ano, a -1,03%. Hoje, flutuou entre mínima de 103.014,26 e máxima de 105.482,72, saindo de abertura a 103.739,25 pontos. O giro foi de R$ 28,5 bilhões na sessão.

Na ponta do Ibovespa, Marfrig (+6,70%), Cielo (+3,49%) e MRV (+2,89%), com Gol (-6,49%), Braskem (-4,80%) e CVC (-4,58%) do lado oposto.

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Mais cedo, o Ibovespa ensaiava recuperação em cima especialmente das ações de Petrobras (ON +2,55%, PN +2,65%) e Banco do Brasil (ON +2,83%), muito punidas no dia anterior pela aprovação de mudança na Lei das Estatais, recebida então pelo mercado como brecha para eventuais ingerências políticas no comando e na gestão dessas empresas no próximo governo. Hoje, passou a prevalecer expectativa de que o Senado barrará a mudança na lei, aprovada na noite de anteontem na Câmara.

Ontem, "a mudança na lei tinha pressionado as ações das estatais, pelo impacto potencial sobre o caixa já no curto prazo, no potencial resultado das empresas, com alterações também em questões como gastos em publicidade, propaganda e patrocínios, em proporção ao faturamento. A gente já sabe como essa história acontece", diz Rodrigo Marcatti economista e CEO da Veedha Investimentos.

Hoje, ao pessimismo de ontem, sucedia "boa performance de papéis de 'driver' interno, pela melhora em vários ativos, particularmente os juros futuros, em queda forte" na sessão, diz Luiz Adriano Martinez, gestor de portfólio da Kilima Asset, citando o adiamento da PEC da Transição na Câmara, com possibilidade, inclusive, de que possa vir a ser rejeitada na casa, "algo positivo pelo lado fiscal".

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"Mercado começou a precificar perspectiva melhor para a situação fiscal no ano que vem, o que se refletiu nessa queda dos juros futuros", acrescenta. O gestor menciona também a possibilidade de que as alterações na Lei das Estatais não sejam mantidas pelo Senado, o que melhora a percepção sobre a futura governança dessas empresas.

Hoje, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou que a matéria, sobre a qual diz não haver consenso na casa, não irá à votação nesta quinta-feira, e que permanece sem data definida para ser submetida ao plenário. "É preciso uma melhor reflexão a respeito", afirmou o presidente do Senado, acrescentando que o assunto pode permanecer fora da pauta de votação na próxima semana. "Alguns senadores reivindicam que passe pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça."

Dessa forma, a combinação das notícias políticas desta quinta-feira, positivas, refreou o pessimismo dos investidores com relação à condução das empresas públicas a partir de 2023, bem como ao escopo que a futura administração federal terá para, com base em gastos públicos ampliados, cumprir rapidamente promessas de campanha que coloquem em jogo questões como sustentabilidade fiscal e a trajetória da relação dívida/PIB. "O político se sobrepôs hoje ao externo", diz Martinez.

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Em Brasília, setores do PT já começam a se dar por vencidos e a descartar a PEC da Transição, em meio a dificuldades para atender a demandas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda mais insatisfeito, desde ontem, após o voto da presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, pela total inconstitucionalidade do orçamento secreto. "Temos outras opções", afirmou fonte do PT ao Broadcast Político nesta quinta-feira. "Não vamos nos submeter às chantagens dele Lira", disse outro parlamentar, referindo-se a exigências que Lira teria feito ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de cargos no novo governo.

Em Nova York, o índice Nasdaq, que reúne ações de "crescimento", mais expostas à restrição das condições de liquidez em ambiente de juros altos, fechou nesta quinta-feira em baixa de 3,23%. O desempenho reflete a cautela dos investidores desde ontem, e que se estendeu nesta quinta-feira de inúmeras decisões de política monetária na Europa após o sinal do Federal Reserve, no dia anterior, de que os juros permanecerão altos por mais tempo na maior economia do mundo.

Ontem, "o discurso do Fed veio um pouco mais 'hawk' do que o esperado, apesar de ter diminuído o ritmo de alta, conforme esperado, na reunião de dezembro. A maioria dos diretores do Fed colocou, no gráfico de pontos, a taxa final em 5,25%, um pouco acima do que o mercado projetava para os juros americanos", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "Teve também uma boa notícia dada por Jerome Powell (presidente do Fed), de que estão chegando no final do ciclo (de elevação dos juros), isso foi repetido várias vezes na entrevista dele", acrescenta.

Na zona do euro, o Commerzbank elevou a sua projeção para o juro terminal do atual ciclo de aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE), de 3,00% a 3,25%, após o BCE reforçar postura 'hawkish' na decisão desta quinta-feira. Por sua vez, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, declarou hoje que a inflação deve ter uma queda acentuada no país na metade de 2023 e que "aumentar taxas de juros é a melhor forma que temos de garantir" esse processo. O pronunciamento veio após novo aumento das taxas de juros pelo BC inglês, em 50 pontos-base.

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