A queda das commodities e a cautela fiscal no Brasil empurram o Ibovespa para baixo na manhã desta quinta-feira, 18. Enquanto os investidores aguardam sinais sobre como o governo fará para ajustar as contas públicas, o quadro é defensivo nos mercados brasileiros. O dólar já tocou máxima de R$ 5,5502, pressionando a curva futura. De um total de 86 ações na carteira do Índice Bovespa, só seis subiam. Em Nova York, só o índice Dow Jones subia.
Na quarta-feira, 17, o Ibovespa fechou em alta de 0,26%, aos 129.450,32 pontos, depois de ceder 0,11%, na terça-feira, após avançar em 11 sessões seguidas. "É natural ter um pouco de correção. Ainda não sofreu uma queda tão forte. Faltou pouco para alcançar os 130 mil pontos, que é um ponto de resistência importante", avalia Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3.
Em meio ao avanço do dólar, os juros futuros também sobem, o que pode elevar ainda mais as expectativas de inflação. "Preocupa é que os juros futuros estão voltando a subir, voltando a colocar duas altas da Selic este ano", alerta José Raymundo de Faria Junior, planejador financeiro CFP pela Planejar.
No último dia de trabalho no Congresso por conta do recesso parlamentar, o temor fiscal continua presente, após uma serie de série de votações de medidas empurradas para frente e em meio à reunião, às 15h30, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros da chamada Junta de Execução Orçamentária (JEO). Além deste encontro, outros estão previstos ao longo do dia e que poderão debater o tema fiscal.
As autoridades devem levar a Lula as medidas de contenção de gastos para cumprir as regras do arcabouço fiscal. A expectativa é de que os números debatidos no encontro sejam divulgados na segunda-feira, no relatório bimestral de receitas e despesas.
A mediana das estimativas em pesquisa especial feita pelo Projeções Broadcast é que será apresentação um congelamento de R$ 12 bilhões. "É muito baixo, tinha de ser um valor de R$ 30 bilhões", diz Faria Junior, ressaltando que além da divulgação do relatório a agenda no Brasil da semana que vem é importante por conta do IPCA-15 de julho, em meio a recentes pressões na inflação, como o encarecimento da gasolina pela Petrobras, dólar alto e vigência da bandeira amarela nas contas de luz, que deixam as taxas mais elevadas.
Faria Junior ressalta que, além da reunião desta quinta do presidente Lula com ministros da Junta de Execução Orçamentária (JEO), a agenda da semana que vem também será importante acompanhar, com a divulgação do IPCA-15 e do relatório bimestral
Nesta quinta, a ministra Simone Tebet, do Planejamento, reforçou o compromisso do governo com o cumprimento de zerar o déficit fiscal do próximo ano. "Temos compromisso de não gastar mais do que arrecada em 2025", disse ao programa Bom dia, ministra.
Também nesta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) deixou suas principais taxas de juros inalteradas, como era amplamente previsto. O BCE reiterou que os juros continuarão em "níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário".
Ainda nesta sexta, os investidores ainda ficarão atentos a comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed).
Os rendimentos dos Treasuries longos avançam moderadamente, após os pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos subirem bem acima do esperado e que foram divulgados nesta quinta. Já o petróleo mira queda e minério de ferro em Dalian fechou em baixa de 0,92%. No entanto, Petrobras ON subia 0,24%, mas o papel PN da estatal caía 0,18% às 11h33. Vale recuava 0,37%.
Os investidores ainda ficarão de olho na precificação da oferta das ações da Sabesp, no âmbito da privatização da companhia de saneamento paulista, e dos papéis que a Eletrobras detem na Isa Cteep. Sabesp e Eletrobras operavam em baixa.
Às 11h40, o Ibovespa cedia 0,74%, a os 128.497,25 pontos, ante recuo de 0,82%, aos 128.390,53 pontos, na mínima, depois de máxima aos 129.453,81 pontos, com variação zero.
BRF (-7,13%) e Marfrig (-5,59%) lideram as quedas do Ibovespa, pressionadas pelo temor de que a exportação de frango do Brasil tende a sofrer embargos, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, após o Ministério da Agricultura ter confirmado que foi detectado um foco da doença Newcastle no Rio Grande do Sul. JBS (-3,85%) e Minerva (-1,88%) também operam no negativo, e o principal índice da B3 cede 0,16%, aos 129.248 pontos.
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