Os investidores adotaram certa cautela na manhã desta quarta-feira, 30, atentos à disputa eleitoral norte-americana e a dados dos Estados Unidos a poucos dias da decisão de política monetária no país na semana que vem. As bolsas norte-americanas avançam moderadamente, após volatilidade mais cedo.
No Brasil, há alguma parcimônia devido à falta de anúncio de medidas de ajuste nos gastos federais. Ontem, o dólar foi a R$ 5,7616 - maior valor desde 30 de março de 2021 - pela ausência de novidades da política fiscal. Já o Índice Bovespa encerrou em baixa de 0,37%, aos 130.729,93 pontos.
"O contexto internacional segue dividindo as atenções com a visão apreensiva do quadro interno", pontua Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em relatório.
Segundo Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, os mercados estão de olhos em três grandes pontos: a expectativa de anúncio de estímulos na China, a decisão da eleição nos EUA e a divulgação do plano de corte de despesas pelo governo federal.
A moderação do Ibovespa ocorre a despeito da valorização próximo a 2,00% do petróleo e de 0,38% do minério de ferro nesta quarta-feira, no fechamento em Dalian. Isso porque o temor crescente com o fiscal permanece.
Há pouco, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a dinâmica das despesas obrigatórias precisa caber no arcabouço. Ontem, Haddad tentou acalmar os ânimos dos investidores, sem sucesso, dizendo que não há veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que as conversas estão avançando. Espera-se que o anúncio do plano de corte de despesas seja feito nos próximos dias.
"O pacote fiscal é importante pois é um reforço do arcabouço fiscal, que não está firme da forma como está, e demonstraria compromisso. Enquanto não há clareza em relação ao valor do corte e quando será anunciado, fica esse compasso de espera, um certo nervosismo", afirma Daiane Gubert, da Melver.
Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, não tece otimismo com o plano de corte de gastos a ser apresentado pelo governo. "Não tenho muita grande expectativa", diz. Conforme Souza, a tendência é manterem a atual política, o que sempre trará insegurança jurídica. "Temos de atentar à reforma tributária, para ver se ficará mais fluida possível."
Mais cedo saiu a pesquisa ADP de emprego nos Estados Unidos. Houve geração de 233 mil empregos em outubro nos EUA, ante previsão de criação de 108 mil. Por ora, a ferramenta de monitoramento do CME Group exibe 98,3% de chance de corte de 0,25 ponto porcentual do juro básico americano na semana que vem. O dado eleva mais as expectativas para o payroll, na sexta-feira. Já Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 2,8% no terceiro trimestre ante igual período de 2023. O dado frustrou as expectativas de alta de 3%. No final do dia, sairão os balanços da Meta e Microsoft.
Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, considera difícil uma mudança de rota do Fed em relação à política monetária após os dados informados hoje nos EUA, sobretudo a pesquisa ADP. Segundo ele, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, já vem esboçando sua ideia em relação aos juros e, conforme Souza, para mudar o guidance, o Fed teria de ver novos números fortes do mercado de trabalho e sequenciais. O resultado da ADP "dá o alerta mas não significa que serão cautelosos."
Às 11h28, o Ibovespa zerava a alta a 130.729,25 pontos, ante elevação de 0,23%, na máxima aos 131.026,92 pontos, e recuo de 0,07% (mínima aos 130.640,72 pontos). Vale cedia 0,32%, apesar da alta do minério, e Petrobras avançava entre 0,58% (PN) e 0,38% (ON), com petróleo subindo cerca de 1,50% no exterior.
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