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Ibovespa limita perda a 0,37%, aos 111,5 mil pontos, com virada em Nova York

Os russos de fato chegaram, mas em escala maior do que se antevia, não se restringindo à área separatista do extremo leste da Ucrânia, próxima à fronteira com a Rússia, reconhecida como independente há poucos dias por Moscou - o que indica que Vladimir Pu

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 24.02.2022, 18:42:00 Editado em 24.02.2022, 18:48:28
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Os russos de fato chegaram, mas em escala maior do que se antevia, não se restringindo à área separatista do extremo leste da Ucrânia, próxima à fronteira com a Rússia, reconhecida como independente há poucos dias por Moscou - o que indica que Vladimir Putin busca ao menos derrubar o governo vizinho para restabelecer um regime amigo em Kiev, o que ele não tem desde fevereiro de 2014, quando Viktor Yanukovych foi derrubado nas ruas. O resultado de hoje foi o esperado: aversão a risco desde cedo em escala global, pressionando abaixo os rendimentos dos Treasuries, na fuga dos investidores para proteção, e inflacionando adicionalmente os custos de energia, com o Brent acima de US$ 100 por barril pela primeira vez desde 2014, quando o Estado Islâmico era a ameaça da vez em outro produtor, de menor peso que a Rússia, o Iraque.

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Após ter chegado a ser negociado ontem a R$ 4,99 nas mínimas do dia e ter fechado a R$ 5, no menor nível desde 30 de junho, o dólar à vista saltou hoje para R$ 5,1632, na máxima da sessão, e encerrou mais acomodado, a R$ 5,1052 (+2,02%). O Ibovespa, que parecia a caminho do menor nível de encerramento desde 24 de janeiro (107.937,11 pontos), entre 109 e 110 mil pontos em boa parte desta quinta-feira, acompanhou moderação do medo em Nova York no fim da tarde, com Nasdaq (+3,34%) e S&P 500 (+1,50%) passando com folga ao azul no fechamento, e Dow Jones acompanhando à distância a melhora (+0,28%). Wall Street reagiu bem ao anúncio de novas sanções americanas à Rússia, além de restrições sobre exportações. "Os custos que o G7 imporá à Rússia serão sem precedentes", afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

Aqui, tendo iniciado o dia aos 112 mil pontos, a referência da B3 bateu em 109.125,24, na mínima. Em porcentual, acima dos 2%, a perda da sessão era a pior desde o fechamento de 5 de janeiro, quando ata "hawkish" do Federal Reserve também desencadeou uma correção em bolsas, especialmente a Nasdaq (então -3,34%), e demanda por juros, nos Treasuries. Ao final, o Ibovespa mostrou hoje baixa de 0,37%, aos 111.591,87 pontos, com giro financeiro a R$ 40,4 bilhões. Faltando apenas a sessão de amanhã para o fechamento do mês, o índice cai 0,49% em fevereiro e 1,14% na semana - em 2022, o ganho está agora em 6,46%.

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Parte dos ativos da carteira Ibovespa conseguiu se desconectar hoje do 'risk-off' global, notadamente Sul América (+15,19%), estendendo o salto visto no fechamento de ontem (+25,16%), com a notícia sobre a compra da seguradora pela Rede D'Or (ontem +8,82%, hoje -7,66%). Destaque também, na ponta positiva do índice, para Minerva (+7,04%), Locaweb (+5,61%), Raia Drogasil (+3,90%) e Ultrapar (+3,62%), enquanto o lado oposto foi ocupado por Qualicorp (-14,77%), BRF (-6,07%) e Azul (-5,85%), junto com Rede D'Or, que havia sido a segunda maior alta ontem, e hoje foi a segunda maior baixa.

Entre as blue chips, as perdas se disseminaram nesta quinta-feira. Nem Petrobras (ON -1,57%, PN -2,43%) escapou ilesa, mesmo com o balanço em geral positivo da noite de ontem, com lucro recorde de três dígitos em 2021 e farta distribuição de dividendos, e petróleo (Brent) sendo negociado a US$ 105 na máxima do dia, retrocedendo mais tarde para baixo de US$ 100, com as novas medidas contra a Rússia e a indicação pelo governo americano de que reservas da commodity podem ser liberadas, conforme a necessidade. As perdas entre os grandes bancos chegaram hoje a 3,41% (Unit do Santander) no fechamento, com as siderúrgicas mostrando retrações moderadas a 1,10% (Gerdau PN) no fechamento, e virada em Vale ON (+1,24%).

No Brasil, a escalada do petróleo recoloca na mesa atuação, no Congresso, para conter os efeitos sobre o bolso do cidadão, em ano eleitoral. "O sino que toca todos os dias é o do combustível crescendo de preço. E agora, com essa história da Ucrânia, pretexto ou não, vai ser um fator de elevação do preço internacional", disse o relator do projeto dos combustíveis no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), conforme relato do repórter Daniel Weterman, de Brasília. Recentemente, a discussão sobre desoneração, com efeito sobre as contas públicas e a situação fiscal, vinha perdendo intensidade, contribuindo em parte para a melhora de humor doméstico.

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Agora, o jogo passa a ser outro. Para o head de research e estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, o mercado começa a precificar risco de estagflação - embora Ferreira note também que o desempenho das commodities e o fluxo possam contribuir para mitigar efeitos na Bolsa daqui. Lá fora, comentários sobre a inflação foram feitos nesta sexta-feira por autoridades monetárias dos EUA (Mary Daly, do Fed de San Francisco) e da zona do euro (Isabel Schnabel, BCE). "Ainda é muito incerto como o ataque na Ucrânia altera a perspectiva da zona do euro", disse Schnabel. "Está cada vez mais claro que a inflação não recuará à meta de 2% neste ano."

"Com o petróleo como está, vai ter reflexos para a inflação também aqui e, com a aversão a risco que se vê, é aconselhável uma exposição maior a pós-fixados. O dia trouxe boa leitura sobre o superávit primário, há expectativa para o balanço da Vale (depois do fechamento de hoje), mas nada disso fez preço com toda essa situação entre Rússia e Ucrânia", diz Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest. "Na prática, a ação militar russa não se restringiu a apoiar separatistas no leste da Ucrânia: visou todo o país."

Com o Ocidente atando reação à Rússia com sanções econômicas, até o momento o presidente russo, Vladimir Putin, tem mostrado indiferença, parecendo estar preparado não só militarmente mas também financeiramente para suportar a pressão inicial. Com a solidariedade do Ocidente concentrada em retórica e nas medidas econômicas e financeiras, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem feito apelo aos espírito europeu, recorrendo a temores da era soviética, ao comunicar que a usina desativada de Chernobyl, onde em 1986 ocorreu desastre nuclear que afetou grande parte da Europa, foi reocupada hoje pelos russos.

"Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa", escreveu o presidente ucraniano, no Twitter, após ter ouvido recentemente de Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, anfitrião de conferência de segurança em Munique, o comentário de que a Ucrânia não é parte da Otan, o que é fato, e de que não havia garantia de que virá a ser, o que exime a aliança norte-atlântica de defendê-la. Com a dependência alemã do gás russo, e o temor à Rússia por ser potência nuclear, uma guerra na Europa, desde 1945, foi tolerada apenas em suas margens, como os Balcãs, nos anos 90 - possivelmente agora, na Ucrânia, sem que Putin se incomode com a alcunha de "pária", usada hoje por Joe Biden, o presidente americano.

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