O Ibovespa iniciou a semana em margem de variação estreita, de menos de mil pontos entre a mínima (130.156,63) e a máxima (131.123,53) da sessão, em que saiu de abertura aos 130.499,15 pontos. Ao fim, o índice mostrava leve baixa de 0,11%, aos 130.361,56 pontos, em dia de dólar a R$ 5,6904 (-0,15%) no fechamento, tendo chegado na máxima a R$ 5,7351 e operado em boa parte da sessão a R$ 5,70. A curva de juros teve ajuste discreto nesta abertura de semana, mas tanto a curva do DI como o câmbio permanecem pouco favoráveis a maior apetite por ações na B3.
Nos Estados Unidos, a tarde foi de forte avanço para os rendimentos dos Treasuries - com os dos vencimentos de 10 e 30 anos nos maiores níveis desde julho - e de sinal predominantemente negativo para os principais índices de ações em Nova York. Ao fim, mostravam variação entre -0,80% (Dow Jones) e +0,27% (Nasdaq).
Assim, o giro financeiro permaneceu acomodado nesta segunda-feira na B3, a R$ 18,3 bilhões, após o vencimento de opções sobre o Ibovespa na última quarta-feira e sobre ações, na sexta, 18. Entre os papéis de maior peso no índice, a direção desta segunda-feira foi determinada por Petrobras (ON -1,83%, PN -1,57%), na contramão dos preços do petróleo na sessão, e pelos grandes bancos, em especial Itaú (PN -0,51%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Embraer (+4,17%), Vamos (+4,13%) e Magazine Luiza (+2,87%), com Hapvida (-2,93%) e Natura (-1,68%), além de Petrobras, na fila oposta. Vale ON cedeu 0,36%.
"Dia sem muitas notícias, que deixou dólar e DI um pouco mais de lado, o que se reflete também na Bolsa. Início da temporada de resultados de empresas domésticas ocorre nesta semana, com balanços como os de Vale e Suzano", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos. "No cenário externo, a proximidade das eleições nos Estados Unidos, no começo de novembro, deve trazer um pouco mais de volatilidade", acrescenta Alvarenga, destacando a incerteza sobre quem sairá vitorioso na disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
"A expectativa por cortes moderados na taxa de juros pelo Federal Reserve e a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos têm impulsionado Treasuries e fortalecido o dólar em relação a outras moedas", destaca Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.
Outro ponto focal tem sido a atividade na China. "Os dados mais recentes sobre a economia chinesa vieram melhores do que se esperava, o que favorece emergentes como o Brasil", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.
"Mas o mercado ainda espera por novas medidas de estímulo ao setor imobiliário, ao crédito e ao consumo na China. Há incerteza ainda sobre o espaço fiscal que o governo de lá tem para esse tipo de medida. E para o mercado reagir mais precisará de medidas concretas, como ocorreu no começo do mês", acrescenta a economista da B.Side, referindo-se à percepção atual sobre a economia chinesa como uma espécie de "meio do caminho" em relação à expectativa do mercado.
No plano doméstico, a recente pressão observada no câmbio começa a produzir efeito nas expectativas de inflação, conforme mostra o boletim Focus desta semana, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
"Diante da dinâmica do risco fiscal e da percepção sobre as contas públicas no Brasil, o câmbio deve seguir pressionado, com transmissão disso para os preços do atacado e, por fim, ao consumidor", acrescenta a economista da Veedha, destacando leituras mais fortes observadas nos IGPs, em especial na importante componente de atacado, o IPA, em alta tanto em produtos industriais como nos agropecuários.
"O quadro é de PIB crescendo acima do potencial, causando pressão inflacionária, com efeito também para as projeções de Selic no ano que vem, que têm sido revisadas para cima apesar da expectativa ainda por corte em 2025 - expectativa por redução de juros que pode vir a se diluir nessa piora das projeções, tendo em vista a tendência para a inflação e o câmbio no País", diz Camila.
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