A indicação de recuperação de parte da queda recente das bolsas em Nova York e a alta do petróleo espelham no Ibovespa. A alta é moderada, dada a agenda esvaziada interna e as incertezas globais, após sinais de que o juro norte-americano não vai cair no mês que vem.
Ontem, apesar de ter fechado com elevação - a uma taxa módica de 0,28% -, o Índice Bovespa encerrou janeiro com desvalorização de 4,79%, a mais intensa desde 2016. Às 11h17, o Ibovespa subia 0,25%, aos 128.069,43 pontos, após avançar 0,37%, na máxima aos 128.230,80 pontos, ante mínima aos 127.752,28 pontos, com variação zero.
No geral, as bolsas operam com sinais moderados. "É natural essa moderação lá fora, após ganhos fortes, e é até importante para se ter uma consolidação saudável. A expectativa é que o Ibovespa em fevereiro seja influenciado mais pelo exterior que por questões domésticas", estima Luís Otávio, trader da mesa de renda variável e Estruturados no Grupo SWM.
O próximo indicador com chance de influenciar os ativos será o payroll, amanhã, e os outros dados que sairá até a reunião de março do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Segundo Otávio, o presidente do Fed, Jerome Powell, ontem foi bastante enfático de que as chances de queda dos juros em março são baixas e que o objetivo do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) é levar a inflação para a meta 2%. "Em contrapartida, o comunicado adotou uma postura mais neutra ante as anteriores. O fato é que os juros vão cair", avalia o trader do Grupo SWM.
Agora, fica no radar a divulgação de relatório oficial de emprego americano, o chamado payroll, de janeiro, amanhã, além de balanços de empresas de tecnologias (Apple, Amazon e Meta) após o fechamento dos mercados.
Conforme Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, a alta dos índices de ações em Nova York, e que reflete no Ibovespa, é um ajuste à véspera, quando o mercado respondeu mal às afirmações de Powell. "A queda dos juros americanos é improvável, segundo o Powell, que veio com um comunicado mais duro. Todos os índices econômicos vieram bons indicando força do emprego e inflação resiliente", analisa.
Internamente, o recuo de meio ponto porcentual da Selic anunciado na quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), dentro do previsto, e o comunicado visto sem novidades por analistas podem ter pouco efeito em ações sensíveis ao ciclo de juros na B3.
"A decisão do Copom de reduzir a taxa Selic para 11,25% ante 11,75% e de sinalizar com novos cortes para suas próximas duas reuniões já estava precificada. Investidores devem aguardar a ata para tentar inferir a extensão do atual ciclo", cita em nota a MCM Consultores.
Para Saadia, a única mudança no texto do Copom foi o reconhecimento de que há desinflação global, e que foi visto como ponto muito favorável. "Tirando isso, e alguns detalhes pequenos, é verdade que foi igual ao anterior", diz diretor de investimentos da Nomos.
Na Europa, a maioria das bolsas cai após alguns balanços empresariais decepcionarem, além de indicadores fracos de atividade. Há pouco, o Banco da Inglaterra manteve sua taxa de juros em 5,25%, como o esperado. O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na singla em inglês), Andrew Bailey, disse hoje que ainda não chegou o momento de cortar juros, visto que o BC inglês precisa estar mais confiante de que a inflação chegará à meta oficial de 2% e permanecerá nesse nível, embora os preços estejam "caminhando na direção certa".
Às 11h18, as ações da Petrobrás subiam acima de 2,00%, na esteira do petróleo, enquanto Vale ON caía 0,22%, em dia de queda de 0,36% do minério de ferro em Dalian, na China.
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