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Ibovespa estende perdas pelo 4º dia, em baixa de 1,55%, aos 108,3 mil pontos

Em dia de novo avanço, ainda que moderado, para o dólar, o Ibovespa regrediu mais dois degraus neste começo de junho, agora na faixa dos 108 mil pontos, após ter iniciado o mês aos 111,3 mil e chegado no melhor momento aos 112.392,91, considerando o fecha

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 08.06.2022, 17:49:00 Editado em 08.06.2022, 17:55:38
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Em dia de novo avanço, ainda que moderado, para o dólar, o Ibovespa regrediu mais dois degraus neste começo de junho, agora na faixa dos 108 mil pontos, após ter iniciado o mês aos 111,3 mil e chegado no melhor momento aos 112.392,91, considerando o fechamento do dia 2. De lá para cá, a referência da B3 emendou quatro perdas diárias, atingindo no encerramento desta quarta-feira os 108.367,67 pontos, em baixa de 1,55%, com mínima aos 108.045,38 pontos, saindo de abertura aos 110.066,83 - bem perto da máxima do dia, de 110.142,34.

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Assim, o Ibovespa registrou nesta quarta a menor marca intradia desde 20 de maio (107.056,05) e o menor nível de fechamento desde o dia 19 do mesmo mês (107.005,22). Ainda moderado, o giro desta quarta-feira ficou em R$ 22,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 2,46% e, no mês, 2,68%. No ano, limita a alta a 3,38%.

Em contexto de persistente pressão das commodities sobre a inflação global - o Brent de agosto foi negociado a US$ 124,40 por barril na máxima do dia - e de risco crescente de que algum parêntese recessivo venha a se impor no momento em que as maiores economias tornam as respectivas políticas monetárias mais restritivas, o quadro doméstico tem se tornado também mais desafiador, após reação inicial positiva do Ibovespa pela exposição a matérias-primas.

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A aproximação do calendário eleitoral e a dificuldade da costura política de uma solução aceitável para os entes federativos sobre a desoneração de combustíveis recolocam sobre a mesa preocupações com a situação fiscal, não vistas desde o fim do ano passado. A 'folga de arrecadação' que havia contribuído para a melhora da percepção fiscal emerge agora como elemento acenado pelo governo para conquistar apoio à proposta de controlar a inflação por meio de atuação sobre o preço da energia na ponta final do consumo.

"Apesar do impacto positivo - a possibilidade de contenção da inflação -, existe um custo fiscal relevante caso a proposta (de desoneração tributária) seja aprovada. Um custo para o qual ainda não foi apresentada fonte de financiamento. Essa incerteza gera preocupação quanto a risco fiscal, um velho conhecido nosso", diz Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

"A desoneração dos combustíveis tem aspectos positivos e negativos. O que o governo está colocando é usar um pouco de sua folga de arrecadação. O governo já vinha sinalizando nessa direção, de forma que não chega a ser uma surpresa para o mercado. À medida que a eleição se aproxima, a volatilidade sempre costuma aumentar, o que se reflete em câmbio, curva de juros e Bolsa. Mas, diferentemente da última eleição, em que Paulo Guedes trouxe uma agenda mais liberal para o debate, os dois lados, hoje, têm discurso populista", diz André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos.

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Os sobressaltos domésticos se somam à incerteza sobre o grau de ajuste das políticas monetárias no exterior, em momento de commodities ainda pressionadas, em meio à reabertura da China, e de falta de sinal quanto a uma resolução da guerra entre Ucrânia e Rússia, que se arrasta desde o fim de fevereiro. "O principal fator de risco ainda são os juros americanos. O aumento em curso por lá não é algo trivial, pode produzir grande efeito sobre empresas e setores mais alavancados", diz Luzbel, acrescentando que, no Brasil, os juros de referência tendem a permanecer na casa de dois dígitos por mais tempo do que se antecipava.

Por aqui, o aumento do custo de crédito, em meio ao ajuste da Selic, tem afetado em particular as ações do varejo, enquanto as de commodities e de exportadoras seguem na preferência dos investidores, inclusive estrangeiros - com as de bancos sendo também favorecidas no ano, como boas pagadoras de dividendos.

"O mercado teve hoje um dia de realização, acompanhando também o exterior, com mais aversão a risco por conta da inflação. Amanhã, tem a reunião do Banco Central Europeu (BCE), com expectativa de sinal sobre retirada de estímulos e sobre quando a zona do euro começará a elevar juros. A discussão continua a ser também sobre em quanto o Federal Reserve, nos Estados Unidos, conseguirá elevar juros sem que isso interfira na economia e reverta em recessão", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, mencionando também o "aumento do ruído na questão fiscal", no Brasil. "O custo fiscal é alto, com a renúncia a impostos."

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No último dia aberto à adesão dos possuidores de recursos no FGTS, as ações da Eletrobras (ON +0,81%, PNB +0,68%) conseguiram se descolar do sentimento negativo que prevaleceu sobre o Ibovespa, assim como outros papéis, como Qualicorp (+3,20%), Hapvida (+3,07%), Cogna (+2,41%) e Via (+2,38%), na ponta positiva do índice na sessão. O lado oposto foi liderado por WEG (-5,93%), CSN (-4,93%), Gerdau PN (-4,90%) e Usiminas (-4,32%), com Vale ON (-3,44%) também mostrando forte ajuste. Entre os grandes bancos, as perdas chegaram a 1,92% (Itaú PN) no fechamento. Petrobras ON e PN encerraram, respectivamente, em baixa de 0,38% e 0,49%.

Na agenda doméstica, destaque na quinta-feira para o IPCA de maio. "Com os dados do IPCA, amanhã, talvez fique mais clara a movimentação de hoje nos juros futuros, mas aparentemente o mercado parece precificar a persistência da pressão inflacionária no curto prazo, porém enxergando um cenário de melhora mais à frente", observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, chamando atenção para o "comportamento misto" dos juros futuros nesta quarta-feira.

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