O Ibovespa passou a cair para a faixa dos 127 mil pontos na manhã desta quinta-feira, 14, depois de ter subido 0,20%, com máxima aos 128.255,78 pontos, em meio à virada para baixo das bolsas americanas. Ao mesmo tempo, os rendimentos dos Treasuries aceleravam a alta, impactando os juros futuros no Brasil, que ainda se ressentiam do aumento acima do esperado das vendas varejistas brasileiras em janeiro.
Nesta quinta, nos Estados Unidos, foram divulgados o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), as vendas do varejo e os pedidos de auxílio-desemprego, que eram aguardados pelo mercado financeiro para ajustar as apostas para a política monetária norte-americana a poucos dias da decisão sobre juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
O PPI do país subiu 0,6% em fevereiro ante janeiro, ficando acima da expectativa de analistas de 0,3%. O núcleo do PPI que exclui alimentos e energia aumentou 0,3% na comparação mensal de fevereiro (previsão: 0,2%). Já as vendas no varejo dos Estados Unidos subiram 0,6% em fevereiro ante janeiro. A projeção era de avanço de 0,7% no período.
Na avaliação de Rodrigo Ashikawa, economista da Principal, o saldo dos resultados dos dados americanos é de uma inflação um pouco mais pressionada, o que justifica a pressão nos Treasuries. "O cenário-base do mercado ainda é de início do corte dos juros em junho", diz. Na semana que vem, espera-se que o Fed mantenha as taxas no nível atual. "Nesta reunião, pode nem trazer muitas novidades. O Fed pode manter-se mais cauteloso, sem querer se comprometer, mantendo a ideia de redução em junho", estima.
"Os dados americanos vieram inflacionários. E tem um agravante: com o petróleo acima de 1% ganhando cada vez mais força, isso é inflacionário aqui e nos Estados Unidos. Nas apostas, caiu a chance de início do corte dos juros em junho mas ainda essa ideia é predominante", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus.
No Brasil, o IBGE informou as vendas varejistas de janeiro, que cresceram 2,5% ante dezembro. Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção, de veículos e de atacado alimentício, as vendas subiram 2,4% em janeiro ante dezembro. Ambos os resultados vieram acima de todas as estimativas colhidas na pesquisa Projeções Broadcast.
"Tanto as vendas aqui como nos Estados Unidos têm mostrado volatilidade. Estamos confortáveis, com a projeção de crescimento de 1,6% do PIB neste ano, e para o Banco Central é apenas um dado", avalia Ashikawa.
Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar a Selic em meio ponto porcentual, que hoje está em 11,25% ao ano. "O BC tem se mostrado mais atento ao desempenho da inflação de serviços", completa o economista da Ashikawa.
Os juros futuros avançam, seguindo a alta dos títulos do Tesouro dos EUA, e após as vendas do varejo do Brasil.
Ao mesmo tempo, as ações da Petrobras reduziam os ganhos e as da Vale aceleravam a queda, cedendo em torno de 1,00%, à medida que o minério de ferro fechou em baixa de 2,63% em Dalian, na China. As demais ações ligadas ao segmento metálico também cedem.
Ontem, os papéis da mineradora subiram 0,64%, com o Índice Bovespa avançando pelo segundo pregão seguindo, ao ter elevação de 0,26%, aos 128.006,05 pontos. Ainda ficam no radar os ruídos políticos envolvendo a Vale e a Petrobras.
Sobre as recentes críticas à petrolífera, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse na quarta-feira, no X, que falar em 'intervenção' é "querer criar dissidências, especulação e desinformação". Segundo o presidente da Petrobras, o mercado "ficou nervoso" que foram retidos a "caráter de adiamento e reserva".
Contudo, as incertezas sobre a decisão da Petrobras em reter o pagamentos de dividendos extraordinários seguem preocupando os investidores, que têm saído da estatal e também da B3, especialmente os estrangeiros. Até o dia 12, neste ano, há saída de R$ 23,2 bilhões em capital externo.
O investidor também olha o balanço da Eletrobras, que saiu de prejuízo para lucro no quarto trimestre do ano passado, e propôs o pagamento de dividendos.
Às 11h18, o Ibovespa caía 0,03%, aos 127.970,16 pontos, ante recuo de 0,39%, na mínima aos 127.511,37 pontos, depois de ter avançado 0,20%, aos 128.255,78 pontos (máxima). Vale caía 0,96% e Petrobras subia 0,41% (PN) e 0,11% (ON).
Deixe seu comentário sobre: "Ibovespa cai para a faixa dos 127 mil pontos após dados dos EUA e varejo forte no Brasil"