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Ibovespa cai 3,78%, no menor nível desde 24 de março

Em dia negativo também no exterior, os ativos brasileiros reagiram mal ao feriado de 7 de setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro parece ter queimado as caravelas ao dobrar a aposta contra as instituições, especialmente o Judiciário, personificado no

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 08.09.2021, 17:49:00 Editado em 08.09.2021, 17:56:50
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Em dia negativo também no exterior, os ativos brasileiros reagiram mal ao feriado de 7 de setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro parece ter queimado as caravelas ao dobrar a aposta contra as instituições, especialmente o Judiciário, personificado no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022 e, atualmente, é o responsável pela condução de inquérito sobre atividades antidemocráticas. Resultado: juros futuros pressionados, câmbio de volta a R$ 5,32 na máxima e no fechamento (+2,89%, a R$ 5,3261), enquanto o Ibovespa, na mínima intradia desde 25 de março, foi hoje a 113.172,02 pontos, em queda de cerca de 4% no pior momento desta quarta-feira.

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Saindo de abertura a 117.866,14, correspondente à máxima da sessão, do pico ao piso do dia, a 113.172,02, a variação foi de 4.694,12 pontos nesta volta do feriado. Mesmo com ganhos da ordem de 1,4% no Brent, Petrobras PN e ON acentuaram as perdas ao longo da tarde, para a casa dos 5%, com outros segmentos blue chip permanecendo também entre os mais punidos do dia, pela elevada liquidez dos papéis, como as ações de grandes bancos, em queda de até 6,35% (Bradesco ON) no fechamento, com giro financeiro a R$ 40,1 bilhões na B3 nesta quarta-feira.

Ao fim, em seu menor nível de fechamento desde 24 de março (112.064,19) e com sua maior queda diária, em porcentual, desde 8 de março (-3,98%), o índice da B3 mostrava baixa de 3,78%, aos 113.412,84 pontos, com os investidores especialmente atentos a dois discursos feitos nesta tarde: primeiro, o do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e depois, o do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

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"Não vejo mais espaço para radicalismos e excessos", disse Lira que, como presidente da Câmara, é responsável por colocar em votação - ou não - a autorização a pedidos de impeachment do presidente, julgados posteriormente pelo Senado. Ele prometeu conversar com todos os Poderes e reafirmou que a Câmara segue trabalhando em cima das "pautas do Brasil". "O principal compromisso está marcado para 3 de outubro de 2022", concluiu Lira, referindo-se à data do primeiro turno da eleição presidencial, no ano que vem.

Em discurso duro na abertura da sessão plenária, Fux dirigiu críticas contundentes à postura de Bolsonaro, afirmou que "ninguém fechará" a Corte e que a incitação à propagação de ódio contra o STF e ao descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis. "Estejamos atentos a esses falsos profetas do patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o povo contra suas instituições", afirmou Fux no primeiro pronunciamento após as manifestações de 7 de setembro.

Por sua vez, o presidente Bolsonaro buscou manter energizada sua base eleitoral mais fiel, que lhe assegurou "fotografia", conforme disse ontem, em Brasília e São Paulo, para levar adiante questionamentos às instituições, no que foi interpretado, inclusive pela imprensa estrangeira, como "prelúdio de golpe". O aceno da Paulista parece ter sido o mais próximo da promessa de campanha feita em 2018 pelo candidato Bolsonaro de que, uma vez eleito, iria "quebrar o sistema" - à época, aparentemente falando de corrupção e fisiologismo.

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Hoje, Bolsonaro afirmou que vai buscar uma solução para o "retrato" apresentado por manifestantes nos atos de ontem. "A gente vai buscar solução para o retrato. Não é fácil você mudar uma coisa que está décadas incrustada no poder. Alguns querem que eu faça assim e resolva", declarou a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada. A resposta foi dada a uma simpatizante que perguntou se ele havia conseguido "a fotografia que queria das manifestações".

"O Brasil está febril e a temperatura terá de ser tirada todo dia. Bolsonaro, mais agressivo, mantém os poderes tensionados - e a reação de Lira, no sentido de manter aberta a porta para diálogo entre os Poderes, é positiva. Brasília parece à beira do precipício, mas tende a vir a percepção de que o jogo atual é de 'perde, perde', com efeitos para a economia. O 7 de setembro não foi o desfecho, mas o início de algo que será concluído na eleição do ano que vem", diz Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos, acrescentando que "à medida que o ambiente desanuviar, haverá um reequilíbrio", após a retração natural do interesse por ativos brasileiros no momento.

"É muito difícil fazer um prognóstico. Se não houver escalada, se a retórica se acomodar, se o calor todo diminuir, é possível uma recuperação dos ativos. A liquidez está alta, tudo dependerá dos desdobramentos, o que já é difícil de se antecipar entre os investidores locais, imagine então pelos estrangeiros", diz Julio Erse, sócio responsável por investimentos e gestão da Constância Investimentos. Ele observa que, até maio, embora com mais volatilidade nos preços e depreciação cambial maior que a vista nos pares, o Brasil conseguia desempenho semelhante ao de outros emergentes, ao se comparar o EWZ a uma cesta de emergentes do MSCI. "Agora, estamos uns 20% atrás no ano e uns 15% em 12 meses", acrescenta.

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"As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas do Sul do País também chamam a atenção - eles reivindicam, aparentemente, questões associadas ao discurso de ontem do presidente. Se isso se confirmar, é preciso ver que impacto esses movimentos terão, caso cresçam. Duas questões surpreenderam ontem: o tamanho das manifestações e o próprio tom de confronto do presidente. O mercado já vinha precificando há algum tempo piora na relação entre Poderes, uma crise institucional, mas foi surpreendido pelo tom do presidente, mais duro do que se esperava", diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.

Na B3, ações blue chip de maior liquidez, consideradas as portas de entrada (e saída) dos estrangeiros, estiveram entre as mais penalizadas ao longo de todo o dia, neste pós-Independência, como Petrobras (PN -5,63%, ON -5,55%), apesar do desempenho positivo do petróleo, e as de bancos (Bradesco ON -6,35%, Bradesco PN -5,76%). Apenas cinco ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta, com destaque para Localiza (+8,03%) e Locamerica (Unidas), em alta de 7,23%, após relatório do Cade sobre fusão entre as empresas - Suzano completou o pódio, em alta de 1,81%. No lado oposto, Meliuz (-11,36%), Via Varejo (-9,35%) e Eletrobras ON (-9,29%).

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