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Ibovespa cai 2,15%, a 116,1 mil pontos, em maior queda desde 2 de maio

A quinta-feira pós-Copom alinhou a decepção quanto ao fechamento da porta, no curto prazo, para aceleração do ritmo de queda da Selic com o sinal do Federal Reserve, emitido no mesmo dia, de que os juros americanos permanecerão altos por mais tempo - o qu

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 21.09.2023, 17:48:00 Editado em 21.09.2023, 17:55:50
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A quinta-feira pós-Copom alinhou a decepção quanto ao fechamento da porta, no curto prazo, para aceleração do ritmo de queda da Selic com o sinal do Federal Reserve, emitido no mesmo dia, de que os juros americanos permanecerão altos por mais tempo - o que contribui para alimentar a percepção de que o BC americano talvez não consiga levar a maior economia do mundo a um pouso suave. Assim, desde a manhã, o dia foi de aversão a risco, com dólar e curva de juros em alta, e queda para o Ibovespa e demais índices de ações, da Ásia à Europa e aos Estados Unidos.

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Aqui, a referência da B3 acentuou mínima em direção ao fechamento da sessão, com piora também nas ações de Petrobras (ON -1,44%, PN -1,55%), que até o meio da tarde mostravam ajuste mais comportado. Assim, com desempenhos ruins de outros carros-chefes - como Vale (ON -2,61%, mínima do dia no fechamento) e, entre os grandes bancos, Bradesco (ON -4,29%, PN -3,71%) -, o Ibovespa encerrou em baixa de 2,15%, aos 116.145,05 pontos, entre mínima de 116.012,92, às 16h35, e máxima de 118.695,09 pontos, correspondente à abertura do dia.

O giro financeiro subiu a R$ 26,1 bilhões nesta quinta-feira, o que não costuma ser bom sinal em dias bem negativos como hoje. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 2,20%, limitando o avanço a apenas 0,35% no mês e a 5,84% no ano. Foi a maior queda para o Ibovespa desde 2 de maio, quando havia recuado 2,40%, com o índice retrocedendo agora a nível não muito distante do fechamento de 8 de setembro, então aos 115,3 mil pontos.

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"O Copom reconheceu uma piora no cenário externo, que se mostrou 'mais incerto' - como no comunicado de agosto. O comitê mostrou preocupação diante da alta das taxas de juros americanas", observa em nota Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, em que destaca também o "uso do plural" no comunicado do Copom da noite passada, em que o comitê, faltando apenas as reuniões de novembro e dezembro para a conclusão do ano, sinaliza estar "fechando a porta para aceleração do ritmo de corte" da Selic ainda em 2023.

Até a reunião desta semana, parte minoritária do mercado considerava que poderia haver espaço para um corte maior, de 0,75 ponto porcentual, em dezembro - perspectiva frustrada pelo comunicado da quarta-feira, que ancora a visão de que a Selic fechará 2023 a 11,75%, com cortes de meio ponto, cada, nessas últimas duas reuniões do ano. Ontem, conforme esperado, o Copom reduziu a taxa básica de juros em meio ponto porcentual, de 13,25% para 12,75% - foi o segundo corte consecutivo da Selic, ambos de meio ponto, partindo de 13,75%.

"Avaliamos o comunicado como neutro", aponta em nota Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena. "Pelo lado mais hawkish, nota-se um aumento da preocupação com o ambiente externo e com a execução das metas fiscais", acrescenta o economista. Acelerar o ritmo de redução da Selic neste momento, argumenta Goldenstein, não seria um sinal positivo para a ancoragem de expectativas, na medida em que, desde a reunião anterior, "não se materializaram surpresas positivas substanciais que elevem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva".

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"Para termos uma leitura mais sólida dos próximos passos do BC, será preciso ver como vai se desenrolar toda essa questão de meta de déficit e arrecadação do governo", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos. Para 2024, o governo se comprometeu com uma meta de déficit zero, que o mercado tem consumido com muitas pitadas de sal ante as dificuldades evidentes pelo lado da receita, sem cortes de despesa. Nesse contexto, a arrecadação em agosto, divulgada hoje de manhã pela Receita Federal, teve queda real de 4,14% ante o mesmo mês do ano passado e de 14,59% em relação a julho.

Após a divulgação desses dados, o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, comentou que, depois de arrecadação recorde ao longo de 2022, os tributos ligados às empresas estão ditando o desempenho da arrecadação no ano em curso. Dessa forma, o recolhimento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) caiu 23,30% na comparação entre agosto de 2023 e o mesmo mês do ano passado.

Compondo esta cautela maior com relação ao caminho dos juros vis-à-vis inflação e ritmo de atividade, aqui e no exterior, o tom geral do Federal Reserve, na tarde de ontem, foi recebido como hawkish, ou seja, ainda duro e restritivo com relação ao viés para a política monetária dos Estados Unidos.

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Assim, a manutenção da taxa de juros de referência do Reino Unido, nesta quinta-feira, não fez muito efeito nem menos em Londres, onde o índice FTSE 100 fechou o dia em baixa de 0,69%. Na Europa, destaque hoje para queda de 1,59% no índice de ações de Paris (CAC 40); na Ásia, para baixa de 1,37% em Tóquio (Nikkei 225); e em Nova York, para queda de 1,82% no Nasdaq, índice de tecnologia que reúne as ações de crescimento, mais expostas à perspectiva de curto prazo para os juros americanos.

Na avaliação de James Briggs, gestor de portfólio na equipe de crédito corporativo da Janus Henderson, o Fed entregou ontem "mensagem hawkish, mantendo a orientação de que ainda é esperado um novo aumento de taxa de juros nos últimos meses do ano".

"O Resumo de Projeções Econômicas foi atualizado para refletir uma economia mais resiliente do que a antecipada, com os mercados de trabalho e o consumo, em particular, tendo surpreendido positivamente nos últimos meses", acrescenta o gestor, em nota. "O presidente Jerome Powell, do BC dos EUA reconheceu que a incerteza em torno dessas previsões permanece alta, continuando a destacar que o Fed permanece dependente dos dados, e que a totalidade dos dados recebidos será instrumental na evolução das taxas de juros daqui para frente."

Com a aversão global a risco que se impôs nesta quinta-feira, as ações de maior peso e liquidez na B3 operaram em bloco no negativo, com destaque para Vale, afetada também pelo ajuste do minério de ferro na China, que caiu hoje quase 2% em Dalian. No setor metálico, além de Vale, destaque também para a retração em Gerdau (PN -2,32%) e Usiminas (PNA -2,66%). Entre os grandes bancos, as ações do Bradesco voltaram a estar entre as mais pressionadas, mas o dia foi ruim também para nomes como Itaú (PN -2,28%), BB (ON -2,29%) e Santander (Unit -1,77%, na mínima do dia no fechamento).

Petrobras - que hoje acentuou correção em direção ao fechamento, contribuindo para a piora do Ibovespa - vira para baixo na semana (ON -0,08%, PN -0,38%), com desempenho também negativo do petróleo no intervalo: no mês, as ações da petroleira ainda sobem 6,75% e 5,70%, respectivamente. Na ponta negativa do Ibovespa na sessão, destaque para Magazine Luiza (-6,75%), Soma (-6,71%) e Arezzo (-5,71%). No lado oposto, Suzano (+2,04%), Sabesp (+2,03%, Natura (+1,95%) e CSN Mineração (+1,54%). Apenas sete ações do Ibovespa conseguiram fechar o dia com ganhos.

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