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Ibovespa cai 1,72%, a 111,7 mil pontos, com maior perda semanal desde novembro

Em meio à guerra na Ucrânia, vindo de duas semanas nas quais o desempenho das commodities deu sustentação ao índice com ganhos de 0,23% e 1,18% (em ordem crescente), o Ibovespa quebrou a série positiva ao acumular perda de 2,41% no intervalo das últimas c

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.03.2022, 18:38:00 Editado em 11.03.2022, 18:44:24
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Em meio à guerra na Ucrânia, vindo de duas semanas nas quais o desempenho das commodities deu sustentação ao índice com ganhos de 0,23% e 1,18% (em ordem crescente), o Ibovespa quebrou a série positiva ao acumular perda de 2,41% no intervalo das últimas cinco sessões, o maior revés semanal desde meados de novembro passado. A semana foi de recuperação parcial na Europa, mas ainda negativa em Nova York, que nesta sexta-feira também acentuou perdas perto do fechamento.

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Hoje, a referência da B3, piorando após as 17h, encerrou o dia em baixa de 1,72%, aos 111.713,07 pontos, entre mínima de 111.331,84 e máxima de 114.627,23, saindo de abertura aos 113.663,92 pontos. Moderado, o giro ficou em R$ 28,4 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa se inclina também ao negativo (-1,26%), ainda avançando 6,57% no ano.

O IPCA de fevereiro, acima da mediana das expectativas e no maior nível para o mês desde 2015, contribui para a percepção de que o Copom, na reunião da semana que vem, possa vir mais rigoroso do que se estimava, tendo em vista os aumentos de dois dígitos na gasolina, no diesel e no gás de cozinha, em vigor desde hoje, e os efeitos globais decorrentes das cotações de energia e grãos, caso o conflito no leste europeu e as sanções sobre a Rússia permaneçam por longo tempo.

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Em relatório a clientes, o banco suíço Julius Baer avalia que a invasão da Ucrânia pela Rússia é um "choque massivo", uma mudança de paradigma com consequências duradouras para a economia global, na restrição de oferta, o que implicará o fim do longo período em que BCs puderam apoiar os esforços estatais para estimular de forma ampla as respectivas economias. Em um cenário de "inflação estruturalmente mais alta", haverá custo "em termos de padrão de vida".

Não à toa, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que enfrentará eleições de meio de mandato no fim do ano sob risco de perder maioria no legislativo, tem reiterado nos últimos dias que o presidente russo, Vladimir Putin, é o maior responsável pelo descontrole da inflação - que pode se agravar caso os maiores BCs não atuem com rapidez. Ontem, a inflação ao consumidor em 12 meses até fevereiro chegou a 7,9% nos EUA, ainda no maior nível em 40 anos. Assim como o Copom, o comitê de política monetária do Federal Reserve se reúne nesta terça (15) e quarta (16).

"Assim como o BCE (Banco Central Europeu) esta semana, o Fed tem à frente uma tarefa homérica: atuar de maneira a combater a inflação, já em níveis extremamente altos, mas sem comprometer a economia - e tudo isso em um cenário de baixíssima previsibilidade", aponta em nota a Guide Investimentos.

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Em contexto de incerteza e aversão a risco, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira trouxe poucas alterações nas expectativas do mercado para as ações no curtíssimo prazo. Entre os participantes, a previsão de ganhos para o Ibovespa na próxima semana, que na pesquisa anterior tinha fatia de 46,15%, oscilou para baixo, a 42,86%. Para outros 42,86%, o período entre 14 e 18 de março será de estabilidade e para 14,29%, de queda, ante 38,46% e 15,38%, respectivamente, no levantamento anterior.

Nesta sexta-feira, a má recepção do mercado ao balanço da Tenda, especialmente em relação à gestão de custos da empresa, pressionou o desempenho do setor de construção, em dia no qual as ações com exposição à economia doméstica, mais sensíveis à curva de juros, foram os principais "draggers", observa Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset. Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para MRV (-11,89%), à frente de Méliuz (-8,37%), Marfrig (-6,85%), Americanas ON (-6,82%) e Eztec (-6,44%). No lado oposto, Telefônica Brasil (+1,16%), TIM (+0,95%) e Klabin (+0,87%).

A acentuação de perdas no fim do dia coincidiu com as de Petrobras (ON -2,36%, PN -3,59%) mesmo com o desempenho positivo do petróleo na sessão, com ganho na casa de 3%. Vale ON também se alinhou ao dia negativo, fechando em baixa de 0,52%. Entre os grande bancos, as perdas chegaram a 1,99% (BB ON) - apenas Santander (Unit +0,22%) conseguiu evitar desempenho negativo, no fechamento.

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A piora vista no fim da sessão acompanhou deterioração em Nova York, mas também refletiu fatores domésticos. A Justiça Federal deu 72 horas para o governo se manifestar em uma ação que contesta o aumento do preço de combustíveis. Ontem, 10, a Petrobras anunciou alta nos preços da gasolina, em 18,7%; do diesel, em 24,9%, e do gás de cozinha, em 16%. Em outro desdobramento, transportadores de carros e de combustíveis decidiram parar os caminhões em suas bases e não fazer novas viagens a partir desta sexta-feira. Wanderlei Alves, o Dedeco, um dos líderes da grande paralisação de 2018, diz que ao menos quatro Estados participarão dos protestos de caminhoneiros: São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pará.

No quadro mais amplo, a guerra, que "não estava no radar na magnitude em que ocorreu", deixa o mercado muito exposto às idas e vindas no noticiário sobre o conflito, um pouco mais esperançoso nos momentos em que a Rússia mostra alguma disposição para negociar, e mais pessimista quando se fala em novas sanções ou quando os contatos diplomáticos fracassam, aponta o gestor. "Pela exposição que a Bolsa aqui tem a commodities e a setores afins, como o de siderurgia, o fluxo continua a vir, pelo hedge, a proteção que se tem nas ações desses setores frente à inflação."

"Desde a última ata (do Copom), a situação mudou e o mercado espera na semana que vem alguma sinalização sobre os passos futuros, com os juros convergindo para mais perto de 13% e expectativa de que o início do ciclo de redução provavelmente será postergado", acrescenta Ino.

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