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Ibovespa cai 0,55%, a 118,2 mil pontos, com foco na ata do Fed

A confirmação, na ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) desta quarta-feira, de que o ritmo de elevação dos juros de referência pode ser de 0,50 ponto porcentual nos Estados Unidos e que um aumento desta magnitude foi considerado já

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 06.04.2022, 17:40:00 Editado em 06.04.2022, 17:48:09
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A confirmação, na ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) desta quarta-feira, de que o ritmo de elevação dos juros de referência pode ser de 0,50 ponto porcentual nos Estados Unidos e que um aumento desta magnitude foi considerado já na reunião de março levou os índices de ações em Nova York às mínimas do dia, carregando o Ibovespa abaixo dos 117 mil pontos no pior momento da sessão, correspondente ao menor nível intradia desde 22 de março.

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Ainda assim, antes das 16 horas, enquanto os sinais da autoridade monetária americana continuavam a ser avaliados pelo mercado, a referência do B3 recuperou não apenas os 117 mil mas também os 118 mil pontos, em perda limitada a 0,55% no fechamento desta quarta-feira, aos 118.227,75 pontos. Da máxima à mínima desta quarta, oscilou dos 118.885,26, da abertura, aos 116.790,60 pontos, com giro financeiro a R$ 32,3 bilhões no encerramento. Na semana, o Ibovespa cede 2,75%, e no mês cai 1,48% - no ano, o avanço está agora em 12,79%.

"A ata deixou bem clara a postura 'hawkish' do BC americano ao longo dos próximos meses, descartando ritmo cauteloso de alta de juros. Está bem indicada a aceleração do aumento, para 0,50 ponto porcentual em maio, já discutido na reunião anterior. As taxas de juros devem chegar a uma faixa mais próxima de 3%, em patamar mais alto do que o do último ciclo de elevação (dos juros de referência nos EUA). A ata expressa o desconforto do Fed com a inflação, batendo recordes em décadas", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, chamando atenção para o problema global que tem sido a escalada de preços, com protestos em países tão diferentes quanto Peru, França e Espanha, bem como África e Oriente Médio.

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"Em linha com o que mercado esperava - especialmente desde a 'deixa' de ontem da Lael Brainard integrante do board do Fed, vice-chairman de que a instituição estava muito preocupada com a inflação persistentemente alta e bem difusa, intensificada pela guerra no Leste Europeu -, a ata veio no limite 'hawkish'", diz Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, destacando a antecipação de movimentos para maio, a próxima reunião do comitê de política monetária (Fomc), com relação ao balanço do Federal Reserve e ao ritmo de elevação da taxa de juros.

Em Nova York, a divulgação da ata do Fed levou o Dow Jones e o S&P 500 em primeiro momento a limitar as perdas do dia, em terreno ainda negativo mas chegando a máximas da sessão logo após o documento. Aqui, o Ibovespa, que oscilava em torno dos 117,8 mil pontos minutos antes da ata, conseguiu recuperar os 118 mil pontos, pontualmente, mas passou logo a acentuar mínimas, acompanhando a piora em NY. Ao final do dia, encontrava-se mais ou menos no ponto em que estava antes da ata, assim como as referências americanas.

"O mercado já vinha se ajustando há algum tempo a essa realidade mais 'hawkish', acompanhando a linguagem, a mensagem do Fed. Com tom mais duro (do BC americano), a curva de juros por lá já precificava 240, 250 'basis points', até o fim do ano. A ata de hoje não trouxe muito além do que já era antecipado", diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

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Ele observa que, desde o começo do ano, o EWZ, principal ETF de ativos brasileiros em Nova York, avançou cerca de 40%, retornando a níveis de julho de 2021 - nesta quarta, teve baixa de 1,70%, a US$ 37,67. "A Bolsa aqui estava muito descontada e foi beneficiada pela busca por alternativa à Rússia entre os emergentes, com o Brasil sendo favorecido como grande produtor de commodities. O que se refletiu em fluxo para o País, também pelo ciclo de elevação de juros em estágio avançado aqui. Considerando tanto o nível atual de câmbio e de Bolsa, estamos mais próximos ao equilíbrio. Em dólar, a Bolsa andou bem", acrescenta Lucci.

"A elevação de juros nos Estados Unidos normalmente afeta o interesse por emergentes. Mas, mesmo com os juros subindo por lá, contamos com spread importante. Há um carrego disso. E se no médio prazo o câmbio se estabilizar entre R$ 4,50 e R$ 4,70, facilita o trabalho do BC", diz, ressalvando ser preciso manter em mente que, no segundo semestre, com a aproximação das eleições e campanhas políticas em plena marcha, a volatilidade tende a crescer.

Lucci menciona outros fatores, desinflacionários, como a recente acomodação do petróleo, refletindo não apenas a liberação de reservas estratégicas, mas também leituras mais fracas sobre o nível de atividade na China, com a política de tolerância zero à covid-19 que tem resultado em retomada de lockdown em cidades como Xangai.

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O petróleo manteve viés negativo nesta quarta-feira, com o Brent negociado abaixo de US$ 102 e o WTI, inferior a US$ 97 por barril, no fim da tarde, ambos com perdas superiores a 4% na sessão. Os três índices de ações de Nova York fecharam no negativo, com destaque mais uma vez para o Nasdaq, em queda de 2,22% - ainda assim, inferior à observada em parte da tarde.

Na B3, as ações de Petrobras, ainda com indefinição sobre o comando da estatal, fecharam o dia de forma mista (ON +0,32%, PN -0,09%), enquanto Vale ON (sexta maior alta da carteira Ibovespa na sessão) avançou 1,51%, em dia negativo para as siderúrgicas, com destaque para CSN ON (-2,80%). Os grandes bancos também fecharam na maioria em baixa, à exceção de BB ON (+0,51%) e de Santander (Unit +0,28%). Na ponta do Ibovespa, Eletrobras ON (+3,76%), Eletrobras PNB (+2,93%), Suzano (+2,16%) e Minerva (+1,72%). No lado oposto, CVC (-8,97%), Banco Inter (-8,70%), Méliuz (-8,33%) e Locaweb (-8,03%).

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