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Ibovespa acumula perda de 11,50% no mês, pior junho desde 2002

O Ibovespa termina o mês, o trimestre e o semestre em tom menor, com junho (-11,50%) ainda pior do que abril (-10,10%), após a leve recuperação observada em maio (+3,22%). Com temores fiscais domésticos acrescidos à incerteza sobre o grau de desaceleração

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 30.06.2022, 17:57:00 Editado em 30.06.2022, 18:01:19
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O Ibovespa termina o mês, o trimestre e o semestre em tom menor, com junho (-11,50%) ainda pior do que abril (-10,10%), após a leve recuperação observada em maio (+3,22%). Com temores fiscais domésticos acrescidos à incerteza sobre o grau de desaceleração global em meio ao ciclo de aperto monetário (especialmente nos Estados Unidos), a referência da B3 teve o pior mês de junho desde 2002 (-13,39%). Nesta quinta-feira, fechou em baixa de 1,08%, aos 98.541,95 pontos, entre mínima de 97.758,43 e máxima de 99.619,06 pontos, com giro a R$ 27,6 bilhões na sessão. Na semana, cede 0,13%, com recuo de 5,99% neste primeiro semestre.

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O índice acumulou perda de 17,88% no segundo trimestre de 2022, o correspondente a 21.457,28 pontos - em 31 de março, antes da correção que viria no mês seguinte, o Ibovespa estava virtualmente aos 120 mil pontos (119.999,23 naquele fechamento). Assim, o trimestre que ora chega ao fim foi o pior desde a queda de 36,86% no intervalo entre janeiro e março de 2020, no começo da pandemia, a mais profunda retração de que se tem registro na Bolsa brasileira, quando superou mesmo declínios bem agudos vistos nas grandes crises de 2008, 1998 e 1995.

No primeiro trimestre de 2022, em dólar, o Ibovespa estava em 25.203,56 pontos - agora está em 18.824,39 pontos, com avanço de 10,15% para o dólar ante o real no mês, vindo o índice da B3 dos 23.429,38 pontos, na moeda americana, no fechamento de maio. De lá para cá, a Bolsa ficou bem amassada, retrocedendo a níveis não vistos desde o começo de novembro de 2020 - desde o último 17 de junho, fechou na casa dos 100 mil pontos apenas nos dias 27 e 28.

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A cautela interna com relação à perspectiva fiscal do país se impôs no momento em que o cenário externo se mostra também atribulado pela correção das políticas monetárias em grandes economias, como as de Estados Unidos e zona do euro, por dúvidas sobre a retomada na China e pelo prolongado conflito no leste europeu. A combinação de incertezas, principalmente as relacionadas à economia chinesa e ao conflito na Ucrânia, tem acentuado a volatilidade das commodities, com efeito direto sobre o Ibovespa.

Nesta quinta, o dia negativo para o minério de ferro e o petróleo colocou Vale ON (-2,83%) e Petrobras (ON -1,10%, PN -0,53%) em queda, assim como o setor de siderurgia (CSN ON -6,42%, Usiminas PNA -4,00%, Gerdau PN -3,41%). Além de CSN (-6,42%), CSN Mineração (-6,31%) também ocupou a ponta perdedora do Ibovespa na sessão, ao lado de Via (-8,13%) e JHSF (-5,66%). No lado oposto, Fleury (+16,10%), após anunciar acordo para combinação de negócios com a Hermes Pardini; Hapvida (+3,80%) e Telefônica Brasil (+3,07%). O dia foi desfavorável às ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON +0,91%).

"Muita coisa ruim já foi colocada no preço da Bolsa com relação ao fiscal e, partindo do nível que se tem hoje, é provável que o segundo semestre seja melhor. O mercado está ajustado a crescimento em declínio e juros em alta, com o ciclo atual de elevação da taxa do Fed mais rápido do que o visto em outras ocasiões. Resta saber qual será a taxa de juros neutra nos Estados Unidos, isso permanece em aberto", diz Rodrigo Santin, CIO da Legend. "Daqui para frente, o calendário tende a jogar a favor, na medida em que muito absurdo fiscal já foi cometido, muita coisa já foi para o preço e o balanço de riscos começa a se equilibrar", acrescenta.

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Santin chama atenção para os sinais de que tanto o presidente Jair Bolsonaro como o rival Luiz Inácio Lula da Silva estão agora "no mesmo balaio" com relação a gastos públicos e a compromisso com responsabilidade fiscal. Ele observa também que, com juros mais altos e tendendo a permanecer assim por tempo prolongado, a "seletividade" na escolha de ações passa a ser fundamental, ante o poder de atração da renda fixa. "Quando os juros estão baixos e as empresas são boas, compra-se até com múltiplos muito altos."

"Estamos em um mercado de baixa tanto para S&P 500 como Ibovespa, ao final de um semestre difícil. Até a metade do semestre, ninguém esperava que o Federal Reserve acelerasse a alta de juros, passando de 0,25 ponto para 0,75 ponto porcentual (no ritmo de elevação), mas a inflação americana surpreendeu para cima e o BC dos Estados Unidos mudou a estratégia. Até então os mercados tinham uma visão mais benigna para a trajetória dos juros", observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, acrescentando que o Ibovespa chegou a subir mais de 20% em dólar no ano, no primeiro trimestre, sendo destaque de alta no mundo.

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