O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou que entregará nesta quarta-feira, 28, a estimativa da população brasileira em 2022 ao Tribunal de Contas da União (TCU) para ser usada como parâmetro para o rateio do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. O órgão decidiu entregar o cálculo feito com base nas informações preliminares já coletadas pelo Censo Demográfico 2022, atualmente ainda em campo, por conta da coleta atrasada.
"O IBGE enviará nesta quarta-feira (28 de dezembro), ao Tribunal de Contas da União (TCU), a prévia da população brasileira calculada com base nos resultados do Censo Demográfico 2022 até o dia 25 de dezembro (25/12/2022)", informou o órgão, em nota. "Além de enviar os dados ao TCU, o IBGE vai divulgá-los no seu portal oficial, por volta das 10h."
Os diretores do IBGE prestarão mais informações à imprensa a partir das 11h.
O Censo 2022 contou até esta terça-feira, 27, cerca de 178,642 milhões de brasileiros em todo o País. O total de recenseados equivale a 83,8% da população total estimada para o Brasil.
Mais cedo, o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, contou que o novo modelo que será entregue ao TCU prevê a entrega dos dados de municípios já recenseados em 2022 aliados a imputações e estimativas estatísticas para as cidades onde a coleta está mais atrasada. A outra opção seria entregar as estimativas feitas com base nos dados do Censo Demográfico de 2010. A decisão sobre o modelo mais adequado seria tomada na tarde desta terça-feira pelos técnicos do IBGE junto com a Comissão Consultiva do Censo.
"A gente tem que ter muita segurança nesse dado que a gente está entregando porque isso pode repercutir na vida desses municípios", justificou Azeredo a jornalistas em evento do IBGE, no Rio, na manhã desta terça-feira.
Após a entrega ao TCU, as informações sobre a população existente no País no dia 1º de julho de 2022 são publicadas no Diário Oficial da União.
Azeredo reconheceu que a coleta do Censo, iniciada em 1º de agosto de 2022, agora deve se estender até pelo menos fevereiro de 2023, quando o instituto espera cumprir a etapa de verificação de informações coletadas, revisita a domicílios com moradores ausentes e a lares onde houve recusa de moradores, ou endereços que foram relatados pelos recenseadores como não ocupados.
Azeredo conta que mais de quatro mil municípios já atingiram cerca de 99% da população estimada como recenseada. A coleta está mais atrasada, aquém dos 80%, em apenas 111 cidades, predominantemente de grande porte, como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, contou.
"Em tese, não implicaria muito, porque essas capitais não estão naquela relação ali dos municípios abaixo dos 160 mil que vão perder ou ganhar na escala ali no Fundo de Participação dos Municípios", ressaltou Cimar Azeredo. "Mas é importante que a gente tenha o dado completo e preciso."
Os recenseadores já visitaram 87,786 milhões de domicílios. O recenseamento está mais avançado no Piauí, onde 96,8% da população estimada já foi recenseada, seguido por Santa Catarina (92,7%), Paraíba (92,2%), Sergipe (92,0%), Rio Grande do Norte (90,4%) e Alagoas (90,1%). Os estados com a coleta mais atrasada são Amapá (73,3%), Mato Grosso (74,8%), Espírito Santo (75,8%) e São Paulo (76,1%).
"O principal desafio foi a falta de recenseadores, isso é inegável", disse Eduardo Rios Neto, presidente do IBGE, reconhecendo que foram vários os motivos para a contratação de mão de obra. "O principal foi o aquecimento do mercado de trabalho no segundo semestre de 2022", argumentou.
O Censo já está em campo há quase cinco meses com a missão de visitar todos os domicílios existentes no País, em meio a queixas de recenseadores sobre remunerações baixas e demora no pagamento. A dificuldade de recrutar e manter os recenseadores atuando na coleta forçou o instituto a prorrogar o trabalho, previsto inicialmente para se estender entre 1º de agosto a 31 de outubro.
O IBGE já treinou quase 200 mil recenseadores, mas nunca alcançou o patamar necessário de trabalhadores efetivamente atuando em campo para cumprir o prazo de coleta previsto. Segundo Cimar Azeredo, há cerca de 50 mil recenseadores em atividade atualmente nos diferentes estados brasileiros. Uma solução para a ausência de temporários foi deslocar trabalhadores de regiões recenseadas para outras que ainda precisavam de trabalho de campo. O instituto também firmou convênios com outros órgãos públicos para recrutar servidores como recenseadores.
Nesta terça-feira, o IBGE promoveu um evento para formalizar a assinatura de Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro, que cedeu agentes de saúde para atuarem como recenseadores no município do Rio. A experiência de colaboração, que envolveu 500 agentes de saúde, foi muito eficaz para agilizar a coleta do Censo na favela da Rocinha, na zona sul do Rio, exemplificou Cimar Azeredo.
Para os locais onde a coleta está adiantada, o IBGE inaugurou o Disque-Censo 137. Através do serviço, os moradores podem checar se alguém do domicílio Já respondeu ao Censo e, caso contrário, podem agendar uma visita do recenseador à sua casa. A ligação para o número de telefone 137, disponibilizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) como um serviço de utilidade pública, é gratuita e pode ser feita de telefone fixo ou celular.
"As ligações são recebidas por atendentes de uma central de atendimento específica para esse serviço. Para o atendimento, o IBGE conta com 120 agentes censitários de pesquisa por telefone, trabalhando todos os dias (incluindo fins de semana e feriados), das 8h às 21h30", informou o IBGE, em nota.
O serviço já atende a municípios em todos os estados brasileiros, sendo disponibilizado de forma gradativa de acordo com o andamento da coleta em cada local. É possível checar no site do IBGE em quais municípios o Disque-Censo já está disponível
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