O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar que a nova política industrial nada mais é do que o empacotamento de medidas e ações que já vinham sendo implementadas desde o ano passado. De acordo com ele, é normal governos pegarem medidas que já estão andando, embalar num só pacote e dar nomes novos a elas.
No lançamento da política industrial, o governo anunciou que o plano somaria R$ 300 bilhões ao longo de quatro anos. Parte do mercado financeiro entendeu inicialmente que o governo colocaria dinheiro novo no pacote e que a dívida pública iria aumentar nesta proporção. Posteriormente, o governo esclareceu que a despesa com o plano já fazia parte do orçamento e, portanto, não exigiria despesas novas.
Para Haddad, que participou no período da manhã desta terça-feira do "CEO Conference 2024", evento do Banco Pactual, às vezes é difícil achar a linha fina para agradar a todo mundo mesmo com notícia boa, ainda mais num tema delicado que gerou tanta controvérsia no Brasil.
"O BNDES emprestou R$ 72 bilhões no ano passado. Se multiplicar 72 por 4, você vai chegar pertinho de R$ 300 bilhões. Às vezes o governo empacota uma coisa que já está acontecendo com as novidades do ano e dá um nome pra coisa, mais emblemático. Mas quando você vai ver, as medidas anunciadas na semana retrasada foram trabalhadas ao longo de 2023 todo, inclusive com o mercado financeiro", disse o ministro.
Ele lembrou que o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, fez questão de participar da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) como banco e foi recebido como entidade associada à Febraban.
"O BNDES tem apresentado propostas até mesmo de encaminhar para o Ministério da Fazenda, testado hipóteses, estressado ideias. Eu penso que estamos ainda para escrever um capítulo justo sobre o BNDES. Justo é com críticas e elogios ao trabalho que o BNDES fez e faz pelo Brasil", disse Haddad acrescentando estar muito confiante de que Mercadante está com uma cabeça ótima, com noção de escala, do que é possível, do que é desejável, de qual é o papel do banco e de onde o banco pode complementar o papel do setor privado nas oportunidades que estão se abrindo.
"O setor privado não vai fazer tudo pelo Brasil. Num país com as características do Brasil vai ter complementação na área de infraestrutura, saneamento. Muitas vezes você não viabiliza uma operação sem o BNDES e em operações que têm externalidades positivas para o Brasil você vai precisar do BNDES", reforçou Haddad.
Segundo o ministro, o BNDES sabe que tem esse papel e que precisa calibrar bem a dimensão e a escala das intervenções para fazer o que os bancos privados fazem e, ao mesmo tempo, não deixar de fazer o que é complementar e necessário até para alavancar o mercado de capitais.
Depois de afirmar por várias vezes que os resultados positivos na economia dependem mais do Congresso Nacional do que do próprio Ministério da Fazenda, Haddad disse que cabe a ele como chefe da equipe econômica mostrar ao País que o plano econômico traçado pode dar certo. Mas afirmou não ter nenhum problema em mudar a rota caso o plano dê errado.
"Quero mostrar ao Brasil que o plano traçado pode dar certo e se não der, a gente revisa. Estou cumprindo meu papel como ministro da Fazenda. Não tenho problema em discutir nada, sou uma pessoa pragmática e não dogmatizo as discussões. Estou ali para convencer o País que o plano que foi traçado pode funcionar bem. Se funcionar a gente revê. Não tenho compromisso com isso. Meu compromisso é levar o Brasil na direção que vai trazer prosperidade para todo mundo", concluiu Haddad.
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