O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o voto de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a favor da redução de 0,5 ponto porcentual da Selic durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi importante e destacou que teve um caráter técnico. O Copom decidiu por um corte maior da taxa básica de juros em uma decisão dividida: foram cinco votos favoráveis à redução de 0,5 p.p. e outros quatro votos por uma diminuição de 0,25 p.p..
"(O voto) teve um papel importante, evidentemente. Eu tenho certeza, até por conhecê-lo há oito meses, que o presidente do BC votou com aquilo que ele conhece de economia. É um voto técnico, calibrado, à luz de tudo o que ele conhece da realidade do País. Eu tenho convicção", disse nesta quarta-feira, 2, no Ministério da Fazenda.
Haddad cumprimentou todos os diretores do BC, independentemente do voto, mas ressaltou o aspecto técnico de Campos Neto. "O fato de nós estarmos neste momento alinhados em torno da decisão não significa que houve concessão do BC. O que houve foi uma situação de voto apertada mesmo, todas opiniões dignas e legítimas, e tenho certeza que o voto dele (Campos Neto) foi totalmente e balizado em considerações de natureza técnica", disse.
Haddad disse que já enviou uma mensagem ao presidente do Banco Central e os dois ficaram de conversar em outro momento. O ministro reiterou o respeito do Ministério da Fazenda pelo Banco Central. "Nesse período todo em que houve divergências, nós sempre mantivemos uma um diálogo de altíssimo nível, a começar pelo presidente Roberto Campos Neto, que sempre demonstrou muita abertura no diálogo e é assim que se constrói", disse e destacou a queda inicial nos juros como fruto de um diálogo absolutamente técnico.
Para ele, as divergências públicas são resultado da livre manifestação em uma democracia. Ainda assim, disse que o diálogo entre as equipes técnicas - mencionando os ministros Simone Tebet (Planejamento), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Esther Dweck (Gestão e Inovação), além do Banco Central - sempre teve nível elevado.
"Eu posso assegurar que o diálogo tanto entre nós quanto das nossas equipes foi o mais elevado possível. Nunca faltou nenhuma abertura de nenhum lado para sentar e dialogar a respeito das decisões corretas que precisam ser tomadas. O fato do placar ser apertado é porque é uma discussão técnica", reitera.
Haddad ainda disse que é normal haver divergências em momentos de transição e destacou a condição do Banco Central independente, com um presidente indicado pelo governo anterior, e que mantém um diálogo inédito com o Ministério da Fazenda da nova gestão. "Isso nunca aconteceu, nós estamos aprendendo a lidar com uma realidade institucional nova. Todo mundo vai aprender e sair maior", disse.
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