O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, que não teria votado pela autonomia do Banco Central por causa do presidente da República, Jair Bolsonaro. A entrevista foi gravada na sexta-feira, 11, e divulgada nesta segunda-feira. "Eu não votaria naquela circunstância jamais para a autonomia (do BC), por causa do Bolsonaro", disse o ministro da Fazenda. Ele justificou que o ex-presidente era um "lunático" e "psicopata" e que "não aprovaria nada com Bolsonaro no Poder".
O ministro da Fazenda disse que poderia haver questionamentos sobre a autonomia do Banco Central se não tivesse havido redução na taxa Selic neste mês. "Esse corte de 0,5 (ponto porcentual), do ponto de vista técnico, se ele não viesse, teríamos um problema grave na economia, porque em julho a arrecadação despencou e já vinha desacelerando desde abril. Do ponto de vista político, você teria pessoas que votaram na autonomia (do BC) dizendo erramos. As instituições não são qualquer coisa, tem que saber construir para dar certo", comentou. Questionado sobre o patamar de juros neutros, lembrando que com uma inflação no patamar de 4%, e com a taxa neutra de juro real em 4,5%, quaisquer juros acima de 8,5% são recessivos, contracionistas. "Se cortar 0,5 por reunião, quanto tempo levaremos para chegar no juro neutro, contando que temos oito reuniões por ano?", questionou, dizendo que o País ainda viverá longo processo contracionista. O ministro ainda disse que o País tem um viés de pagar juros altos "impressionante", e que mesmo quando havia superávit e a dívida estava em queda, o pagamento de juros no Brasil era maior do que em outros pares.
Poder da CâmaraO ministro da Fazenda disse ainda que a Câmara dos Deputados tem um poder muito grande e é preciso construir moderação em relação a outros Poderes. "A Câmara está com um poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida. Tem que haver uma moderação que tem de ser construída", comentou. Sobre a boa relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ele lembrou que isso começou durante a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, com uma combinação para separar temas de governo dos de Estado, mas disse que os dois também têm pontos de divergência. "A gente só aparece sorrindo, mas às vezes temos debates acalorados", disse.
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