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Guerra faz mercado projetar inflação a 7% e Selic a 14%

As projeções para a inflação brasileira deste ano já chegam a 7% (o dobro do centro da meta para este ano) por causa da alta do petróleo e dos alimentos, provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Desde o início do confronto até a última terça-feira, 8

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 10.03.2022, 08:23:00 Editado em 10.03.2022, 08:30:21
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As projeções para a inflação brasileira deste ano já chegam a 7% (o dobro do centro da meta para este ano) por causa da alta do petróleo e dos alimentos, provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Desde o início do confronto até a última terça-feira, 8, o índice CRB, que mede a inflação global das commodities em dólar, subiu 15,2%. Há consultoria que espera alta de até 25% nos preços em dólar das matérias-primas em 2022, o que piora a inflação e amplia o esforço para conter preços. O mercado vê a taxa básica de juros, hoje em 10,75% ao ano, acima de 13% ao final do ciclo de alta, podendo chegar a 14%.

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Por conta dos desdobramentos da guerra, o Bank of America (BofA), por exemplo, foi a instituição que fez a maior revisão de expectativa de inflação para o ano: elevou em um ponto e meio, de 5% para 6,5%, a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O BNP Paribas subiu de 6% para 7% e está no topo das projeções de IPCA para 2022 ao lado Credit Suisse, que aumentou de 6,2% para 7%. E o Credit colocou um viés de alta na projeção, caso haja um ajuste completo no preço dos combustíveis, cenário que ainda não é o esperado pelo banco.

O chefe de Economia para Brasil e Estratégia para América Latina do BofA, David Beker, cita o aumento de preços de fertilizantes e alimentos para a revisão da inflação. "Estimamos que o impacto total da alta de preços de grãos deve ser sentido no fim do primeiro semestre de 2022 no IPCA, e revisamos nossa expectativa de inflação de alimentos no fim do ano para 11%, de 7,5% antes", diz, em relatório.

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Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco, lembra que o impacto do conflito nas cadeias de suprimentos é muito grande. A Rússia responde por 11% das exportações de petróleo e, junto com a Ucrânia, detém 28% das exportações de trigo e 20% de milho. "Essa puxada que houve no índice CRB nos últimos dias reflete o impacto da guerra na cadeia global de produção." Nesta semana, o banco que projetava IPCA de 5,5% deve revisar para cima esse número por conta da alta dos alimentos e dos combustíveis. Diante das incertezas, a economista considera a possibilidade de o barril de petróleo ir a US$ 200 no curto prazo. "Mas não é o cenário mais provável."

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, diz que a previsão da sua consultoria de uma inflação de 6% para este ano está sendo colocada em xeque a cada dia de duração do conflito. "É um cenário de 6%, com viés de alta e de forte alta." Ele argumenta que, com os problemas de oferta e demanda de várias matérias-primas, puxadas pelo petróleo e grãos, mas que também envolvem metais industriais importantes, cresce o desalinhamento de preços das cadeias globais de produção.

"A inflação global está contratada", afirma o economista Fabio Silveira, sócio da consultoria MacroSector. Nas suas contas, o índice CRB deve ter uma alta de 25% em dólar neste ano. Essa pressão inflacionária vinda de commodities deve levar os Estados Unidos a subirem juros e no Brasil a taxa básica pode ir a 13% ao final do ciclo, ainda com o recuo do dólar para algo ao redor de R$ 5.

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Selic

Por ora, a maioria dos economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ainda espera que, na reunião da próxima semana do Comitê de Política Monetária, o Banco Central opte por um aumento de 1 ponto porcentual da Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano, o que já seria o maior nível em cinco anos. Mas já está no radar um ciclo de altas mais longo que o esperado anteriormente, com a taxa de juros chegando até a mais de 13%.

Para o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks, o BC também deve aumentar a Selic em 1 ponto porcentual na semana que vem. Com a mudança do cenário provocada pela guerra, o risco maior é de mais altas de 1 ponto do que de um aperto de 1,25 ponto, diz.

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Para o fim do ciclo, Weeks, atualmente, projeta 12,75%, mas admite que aumentou bastante a chance de o BC ter de ir além deste patamar. "Pode ser acima de 13%. E provavelmente vai demorar mais para cair. Pode ser até perto de 14%. A assimetria está toda para este lado. Qual será o valor do petróleo? US$ 120, US$ 150, US$ 200? Ninguém sabe."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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