O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira, 29, que, diante de uma economia aquecida, a instituição "eventualmente" terá que pisar um pouco mais pesado no freio, indicando assim juros mais altos.
"Eventualmente terá que ter o pé um pouco mais pesado no freio para não permitir um aquecimento da economia a ponto de pressionar a inflação", comentou Galípolo durante almoço com banqueiros oferecido pela Febraban.
Na sequência, após citar o mercado de trabalho apertado no Brasil, além da tendência de menos cortes de juros nos Estados Unidos, favorecendo alta do dólar, Galípolo disse parecer lógico imaginar que serão necessários juros mais contracionistas por mais tempo.
O diretor reiterou que terá liberdade de ação quando assumir, em janeiro, a presidência do BC e que não se preocupa se receber críticas do governo que o indicou ao cargo. "Não é tema que me preocupa receber criticas porque o arcabouço legal da política monetária está muito claro. O Banco Central não recebe comando por entrevistas e posts em rede social", disse Galípolo durante almoço com dirigentes de bancos da Febraban. Ele reforçou que a função do BC é perseguir a meta de inflação, fixando para isso uma taxa restritiva pelo tempo que for suficiente.
Como já tinha dito na quinta-feira em jantar com empresários, Galípolo repetiu que seria estranho esperar por aplausos no BC. "Quer ser Miss Simpatia, não vá ao BC, não é esta a função do banqueiro central", voltou a declarar, comparando também a sua posição com a dos jogadores de um time que chega a La Bombonera, estádio do Boca Juniors, da Argentina, para jogar a final da Libertadores. "Não vai ter flores."
Durante a participação no encontro com os banqueiros, Galípolo repetiu que existe preocupação de toda a diretoria do BC não apenas com a desancoragem das expectativas, mas também com a inflação corrente.
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