A primeira-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, alertou na terça-feira, 7, que a fragmentação do comércio é muito mais custosa à economia global hoje do que durante os primeiros anos da Guerra Fria. À época, o comércio de bens representava apenas 16% do Produto Interno Bruto (PIB), proporção que saltou para cerca de 45% atualmente, de acordo com ela.
Em discurso no Stanford Institute for Economic Policy Research, Gopinath lembrou ainda que, naquele período, o movimento predominante era de retirada de restrições comerciais pelos países. "Agora, estamos em um ambiente de crescente protecionismo com vários países voltando-se para dentro", explica.
A economista acrescenta que, desta vez, uma série países neutros têm exercido papel de conexão entre EUA e China, algo que não acontecia quando os rivais americanos eram a União Soviética. Essas nações hoje dispõe de maior influência diplomática e podem atenuar parte dos custos da fragmentação, disse Gopinath.
A dirigente acrescenta que a fragmentação global pode reduzir os ganhos de eficiência gerados pela especialização, além de limitar a competitividade. "Menos comércio também implicaria menos difusão do conhecimento, um benefício fundamental da integração, que também poderia ser reduzido pela fragmentação do investimento direto transfronteiriço", diz ela, que usa o Brexit - saída do Reino Unido da UE - como exemplo.
Gopinath também enxerga vários riscos financeiros, entre eles maior volatilidade, mais vulnerabilidade a choques e dificuldades no compartilhamento de riscos. "Em um
cenário moderado, com baixos custos de ajustamento, as perdas poderão ser tão baixas quanto 0,2% do PIB mundial, enquanto em num cenário extremo de fragmentação comercial com capacidade limitada de ajustamento das economias, as perdas poderão chegar a 7% do PIB global", estima.
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