O Ibovespa emendou o segundo dia consecutivo de ganhos e renovou nesta sexta-feira, 22, o recorde no fechamento, com alta de 0,43%, aos 132.752,93 pontos. Na máxima do dia, chegou a superar a marca de 133 mil pontos pela primeira vez na história. Operadores atribuem a valorização à entrada de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira neste fim de ano, com a aprovação da pauta de aumento da arrecadação no Congresso.
Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 1,96%, amparado pela expectativa de redução dos juros nos Estados Unidos, pelo avanço da agenda no Congresso e pelo aumento do rating do Brasil pela agência S&P, de BB- para BB. O índice de referência da B3 sobe 4,26% em dezembro e 20,98% desde o início do ano.
Hoje, a entrada de recursos se traduziu em ganhos durante a maior parte da sessão, com o Ibovespa flertando com o terreno negativo apenas brevemente, quando chegou até a mínima de 132.093,76 pontos (-0,07%). Na máxima, avançou até os 133.035,32 pontos (+0,65%), o maior nível nominal da história. Mas, a partir do fim da tarde, moderou a alta, acompanhando os índices em Nova York para o campo negativo.
Segundo o operador de renda variável da Manchester Investimentos Thiago Lourenço, a entrada de recursos estrangeiros na Bolsa explica o desempenho do Ibovespa hoje. Ele cita os ganhos de Petrobras (+0,96% PN, +1,34% ON), mesmo com a queda em torno de 0,4% dos preços do petróleo, e de grande bancos como Itaú Unibanco PN (+1,59%) e Bradesco (+0,90% PN, +0,80% ON) como evidências do movimento.
"Os grandes papéis que têm maior liquidez e suportam um volume maior de compras são Petrobras, Vale, grandes bancos e algumas elétricas. Quando eles sobem, é rastro de investidor estrangeiro entrando", diz Lourenço, citando também a queda de 0,53% do dólar nesta sexta-feira, a R$ 4,8616, como um ponto que sustenta a avaliação. "O gringo está comprando Bolsa como se não houvesse amanhã."
A continuidade desse rali se explica por uma combinação de fatores domésticos e externos. Aqui, o destaque foi a aprovação pela Câmara, na madrugada de hoje, do projeto de lei que estabelece a tributação de apostas esportivas e de jogos e apostas online, que pode render até R$ 15 bilhões para o governo. Era uma das apostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para turbinar as receitas e cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024.
Lá fora, dados de inflação mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos também reforçaram as apostas do mercado em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central do país) e ajudaram o apetite por risco.
Aqui, a queda de 0,75% de Vale ON foi a principal responsável por limitar os ganhos do Ibovespa, mesmo com aumento de 3% nos preços do minério de ferro em Dalian, na China. Mas, segundo Lourenço, da Manchester, essa baixa refletiu apenas uma rotação dos recursos estrangeiros, que ingressam na Bolsa através dos papéis de maior liquidez.
Mesmo com a tendência de redução de liquidez no fim do ano, o Ibovespa movimentou hoje R$ 21,0 bilhões. Na ponta vencedora, apareceram Casas Bahia ON (+5,20%), Raízen PN (+4,22%), Alpargatas PN (+4,05%) e Pão de Açúcar ON (+2,81%). Na outra ponta, as maiores quedas foram de IRB Brasil Re ON (-6,18%), Yduqs ON (-2,79%), Totvs ON (-1,50%) e Carrefour ON (-1,44%).
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