Embora entenda que a inflação corrente e suas respectivas medidas de núcleo credenciem a manutenção da trajetória de queda da Selic, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) pondera que, na outra ponta, a postura do governo com a responsabilidade fiscal e o cenário externo mais sensível impedem uma redução maior do que 0,5 ponto porcentual da taxa de juro.
Mais que isso, a federação julga que se não houver uma mudança de política fiscal, essas quedas podem diminuir, ao passo que o piso da taxa de juros corre o risco de crescer, prejudicando o setor produtivo do País. "Felizmente, ainda há tempo de mudar", lê-se em comentário que a entidade endereçou à imprensa sobre a decisão do Copom, que ontem cortou a Selic em 0,5 ponto porcentual, de 12,75% ao ano para atuais 12,25%.
"A decisão do Copom em reduzir a taxa Selic para 12,25% ao ano é ponderada já que a incerteza fiscal e o cenário externo preocupam", reforça a federação e concordância com o comunicado que seguiu ao término da reunião do Copom ontem em que o BC destaca os riscos externos e necessidade de persecução da meta fiscal.
Até setembro, lembra a FecomercioSP, o déficit do governo brasileiro atingiu R$ 94 bilhões, excluindo os juros. Mesmo com a Lei Orçamentária permitindo um déficit de R$ 228 bilhões, a expectativa era de que o governo não passasse dos R$ 100 bilhões. "Além disso, a previsão era de zerar o déficit em 2024, dentro do contingenciamento do arcabouço, mas ainda faltam R$ 168 bilhões em receitas adicionais para atingir essa meta". No entendimento da federação, o governo precisa dar sinais mais claros de seu compromisso com o fiscal.
No tocante ao mercado externo, que também apresenta instabilidades e impacta diretamente o cenário econômico, a visão da FecomercioSP é a de que apesar da diminuição do crescimento chinês, que poderia facilitar o trabalho da política monetária, o aquecimento da economia norte-americana e a alta da taxa de juros da dívida pública trazem um alerta para a intensificação das quedas do juro interno.
"Somado a isso, o conflito entre Hamas e Israel reforça a preocupação sobre o preço dos combustíveis, os quais não se apresentavam mais como um elemento de pressão", diz a nota da entidade.
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