O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) na cidade de São Paulo caiu de 109,3 pontos em maio para 107,4 pontos em junho, queda 1,7%, conforme dados divulgados pela FecomercioSP. Esta diminuição indica uma cautela crescente entre os consumidores da Capital em relação às suas expectativas de consumo no curto e médio prazos, como pontuou o assessor econômico da FecomercioSP Guilherme Dietze.
As famílias com renda de até dez salários mínimos foram as mais afetadas, com sua intenção de consumo caindo de 106,8 pontos em maio para 104,9 pontos em junho, baixa de 1,8%. Já as famílias com renda superior a dez salários também registraram um recuo na intenção de consumo para o mesmo período, de 116,5 pontos para 114,7 pontos, queda de 1,6%.
Dietze aponta que os principais motivos para a redução na intenção de consumo centram-se nas incertezas econômicas e ao alto nível dos preços. "Os paulistanos estão menos otimistas tanto em relação às variáveis para o momento atual quanto às de futuro, com incertezas profissionais, de acesso ao crédito e de consumo impactando negativamente a decisão de comprar bens duráveis, que dependem de variáveis como emprego, renda e crédito", disse.
Para os próximos meses, a federação destaca a importância de monitorar de perto os efeitos da pressão de preços dos alimentos, especialmente após as enchentes no Rio Grande do Sul, que podem impactar ainda mais a inflação. "Diante disso, o cenário de inflação e juros também pode impedir uma alta maior do ICF, devendo provocar oscilações no indicador nos próximos meses."
Aumento da renda X queda do ICF
Embora a intenção de consumo das famílias paulistanas tenha caído 1,7%, houve um aumento da renda delas de 2,3%, como destaca o documento. No entanto, segundo Dietze, a inflação mais baixa, somada ao mercado de trabalho mais aquecido tem gerado o benefício de diminuir a inadimplência, mas não necessariamente de direcionar os recursos para o consumo. "Ou a família opta por reduzir a sua inadimplência, ou elas vão seguindo para o consumo. E dificilmente acabam guardando, pois falta educação financeira para planejamento a longo prazo".
Sobre o acesso ao crédito, Dietze observa que houve uma queda, o que trouxe incerteza quanto ao aumento do risco. "Comparando com o ano passado, estamos em um nível favorável, mas o governo precisa fazer o dever de casa nas contas públicas para um ambiente econômico mais favorável."
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