Após leve alta de 0,09%, o Ibovespa migrou para baixo, renovando mínimas sucessivas, perdendo a marca dos 101 mil pontos, enquanto o dólar acelerava a queda. A piora reflete a deterioração externa, em meio a dúvidas sobre a política monetária norte-americana. As bolsas em Nova York caem em sua maioria. Aqui, destaque para recuo nas ações ligadas a commodities metálicas, na esteira da queda do minério.
"A agenda interna é pouco movimentada, a semana é curta e o mercado está esperando a formalização do arcabouço fiscal. Nesse marasmo, embarca no clima de Nova York, que tem suscitado o tema da recessão", avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. "O ambiente piora porque as commodities também não estão tendo bom desempenho, afetando as ações do setor, que são pesos pesados. Como são importantes, apaga a alta dos bancos", completa Spiess.
O recuo das bolsas internacionais reflete os resultados de dados (PMIs) indicando recuperação mais fraca do que se imaginava na zona do euro. Nos EUA, O setor privado gerou 145 mil empregos em março, ante projeção de crescimento de 210 mil. Já PMI de serviços do país medido pelo ISM, que caiu mais do que o esperado em março, a 51,2. Os dados são considerados essenciais para as próximas decisões de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Nesta quarta, a presidente da distrital do Fed em Cleveland, Loretta Mester, disse que os juros nos Estados Unidos deverão subir um pouco mais antes da pausa no ciclo. Em sua visão, "teremos que elevar os juros acima de 5%."
No Brasil, mais cedo, as palavras moderadas feitas pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em palestra em evento do Bradesco BBI, foram bem recebidas. "Hasteou a bandeira branca e falou que o arcabouço é importante, que doma a expansão da divida e tirou um pouco o corpo fora em relação à indicação de novos diretores, dizendo que o importante é ser técnico", avalia o economista Álvaro Bandeira. "Gostei da fala. Campos Neto foi prudente, técnico e não se envolvendo com o lado político, dizendo que as pressões são naturais."
O presidente do BC disse reconhecer o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de sua equipe econômica. Segundo ele, não existe relação mecânica entre fiscal e política monetária e que o mais importante é como as medidas afetam o canal de expectativas. Afirmou também que o arcabouço fiscal elimina risco de cauda. "Para quem tinha perspectiva de risco para a trajetória da dívida, isso foi eliminado', disse.
Campos Neto afirmou que para o BC é importante é trabalhar no sistema de metas. Ontem, Haddad admitiu conversas com o presidente do Banco Central sobre metas de inflação. Há pouco, o ministro disse que depois de viagem à China, na semana que vem, o governo encaminhará os nomes para o Banco Central ao Senado, dos dois cargos de diretores.
Já o petróleo acentuava a queda e o minério de ferro em Cingapura fechou em baixa e em Dalian não houve negociação por conta de feriado.
Às 11h08, o Ibovespa caía 1,31%, aos 100.5539,89 pontos, na mínima, ante máxima diária aos 101.960,48 pontos, em alta de 0,09%.
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