O Ibovespa cai e já vai para a faixa dos 114 mil pontos, seguindo o exterior, apesar do IPCA-15 menor do que o esperado. Como ações ligadas a commodities têm peso considerável na composição do Índice Bovespa, o recuo das matérias-primas pesa também. O temor entre investidores não é novo: expectativas de juro mundial elevado por mais tempo do que o imaginado e fraqueza do gigante asiático.
"Há a perspectiva de juro global alto por mais tempo do que se imaginava, devido a preocupações com os impactos de alguns preços na inflação, principalmente do petróleo. E isso exigirá mais juros para conter a inflação", avalia Rafael Gamba, assessor da Blue3 Investimentos.
Após ceder mais cedo, o petróleo passou a ter instabilidade há pouco, enquanto o minério de ferro fechou em baixa de 1,64% em Dalian, na China, onde persistem as preocupações com a fragilidade econômica. Nos Estados Unidos, o temor é de uma paralisação do governo, diante de discordâncias orçamentárias em Washington. Ontem, as bolsas americanas subiram moderadamente, enquanto o Ibovespa fechou em baixa de 0,07%, aos 115.924,61 pontos.
Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata do encontro da semana passada, quando a Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano, como esperado. No entanto, na ocasião, o comunicado desagradou ao mercado por não indicar aceleração no ritmo de queda do juro básico, o que foi reforçado agora. Sendo assim, pode incomodar os investidores, no sentido de que o BC não deve acentuar o recuo do juro básico, por ora.
"A mensagem é de que dificilmente o Banco Central vai acelerar o ritmo de corte da Selic, em virtude das preocupações com a velocidade de convergência e ancoragem das expectativas", avalia o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário.
O Copom manteve a avaliação já dada na reunião anterior, de agosto, de que é "pouco provável" uma intensificação do ritmo de cortes da taxa Selic, considerando o atual passo de queda de 0,50 ponto porcentual.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o tom da ata do Copom reforça a ideia do comunicado de que o colegiado não pretende acelerar o ritmo de queda da Selic, por ora. "Acho que isso era uma grande curiosidade do mercado que foi parcialmente respondida, confirmada no parágrafo 22", diz. Ou seja, completa Camila, "para acelerar o passo de redução da Selic exigiria surpresas inflacionárias substanciais" mostrando alívio na alta de preços.
Também nesta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) atingiu 0,35% em setembro, ante 0,28% em agosto, ficando abaixo da mediana de 0,37% das projeções.
O resultado do IPCA-15 menor do que o estimado poderia servir de alento a algumas ações de consumo, só que ao mesmo tempo a alta dos juros futuros inibe um aumento.
"O IPCA-15 veio menor do que o consenso, o que seria positivo, mas a ata do Copom pode ser vista como conservadora no sentido de manter a ideia do comunicado da semana passada, de corte de 0,50 ponto da Selic à frente", diz Gamba, assessor da Blue3 Investimentos.
Às 11h36, o Ibovespa caía 0,77%, aos 115.028,92 pontos, ante mínima aos 114.824,51 pontos (-0,95%). Petrobrás recuava 1,72% (PN) e -1,98% (ON). Vale ON caía 1,05%. Algumas ações ligadas ao ciclo econômico também cediam, caso de Lojas Renner On (-4,20%), por exemplo.
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