A expectativa de que o governo anuncie um plano de corte de gastos nos próximos dias e a valorização das commodities induzem uma recuperação do Ibovespa. Às 11h15, o principal indicador da B3 tinha alta de 1,35%, aos 129.847,31 pontos, na máxima, após abertura aos 128.129,60 pontos, com variação zero.
Na sexta-feira, em meio à desconfiança dos investidores quanto ao compromisso fiscal, o dólar quase tocou R$ 5,90, com os juros futuros avançando e o Ibovespa fechando em queda de 1,23%, aos 128.120,75 pontos.
A percepção de que o governo anuncie logo um pacote de redução de despesas vem na esteira do cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa, que ocorreria esta semana. Ontem, em nota, Haddad, informou o cancelamento, dizendo que foi a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad se reúne nesta manhã com Lula.
"Os mercados ficaram bem apreensivos com a viagem de Haddad à Europa, programada para esta semana, pois esperavam anúncio do plano de corte de gastos após do segundo turno da eleição municipal, que ainda não veio. Com o cancelamento, alivia o risco", diz Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital.
A viagem foi cancelada em meio ao estresse com os investidores decepcionados com a demora no anúncio de corte de gastos. Os mercados ficaram "absolutamente estressados" nos últimos dias, avalia o economista-chefe do BV, Roberto Padovani. "Os mercados estão tensos com a questão fiscal combinada com o global um pouco pior, e isso tem levado o câmbio para quase 5,90."
"Não sei o motivo do cancelamento, mas consigo avaliar o resultado. É um sinal positivo. O mercado ficou absolutamente estressado com a notícia da viagem, pois isso de alguma forma simboliza uma falta de urgência na decisão de controle de gastos", diz o economista do BV.
Conforme Dyego Galdino, CEO da Global 360 Invest, a apresentação de um pacote fiscal seria importante não só por conta das preocupações fiscais em si, mas para atrair capital para a Bolsa, controlar a taxa de câmbio e consequentemente aliviar as pressões inflacionárias.
Em meio ao avanço dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga, na quarta-feira, sua decisão sobre juros. Espera-se aumento da Selic de 10,75% ao ano para 11,25%. Segundo Galdino, a expectativa é de que a Selic permaneça em dois dígitos, o que tende a dificultar o cenário das empresas brasileiras.
"No final, descontrole de inflação e a resistência do governo em cortar gastos são fatores que preocupam. Empresas como as varejistas tendem a sofrer, pois o consumidor fica mais propicio a não gastar por conta da elevação dos juros e da inflação", avalia Galdino.
Enquanto espera sinais fiscais, o investidor ainda se concentra em balanços de empresas brasileiras em semana de divulgação de indicadores de peso aqui e no exterior, além de decisões de política monetária no Brasil, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Ao mesmo tempo, aguardam a eleição presidencial norte-americana, que ocorrerá amanhã.
Ainda focam na reunião do partido chinês, nesta semana, dada a expectativa de anúncio de medidas de estímulo à China. Aliás, por lá o minério de ferro subiu 0,91% em Dalian, enquanto o petróleo avança quase 3% após a Opep+ informar que irá adiar planos de aumentar sua oferta em um mês. As ações dos respectivos setores avançavam. Vale On subia 0,42%, por volta das 11 horas, enquanto Petrobras tinha elevação entre 0,88% (PN) e 1,17% (PN).
Vale pontuar que hoje a B3 amplia o horário de funcionamento para acompanhar o fim do horário de verão em Nova York. Com isso, o horário de negociação no mercado à vista e fracionário começou às 10h mas se encerrará às 17h55, ao em vez de 17h.
Em tempo. A temporada de balanços tem como destaque hoje Klabin, Itaú, TIM e BB Seguridade, que divulgam seus resultados do terceiro trimestre. A Klabin registrou lucro líquido de R$ 729 milhões no terceiro trimestre de 2024, com alta de 197,5% ante o mesmo período do ano anterior, segundo reportou nesta manhã. Klabin subia 1,05%.
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