Os brasileiros ficaram mais endividados na passagem de março para abril, mas o nível de inadimplência manteve-se estável, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas a vencer passou de 78,1% em março para 78,5% em abril, o segundo mês seguido de crescimento, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O resultado é mais elevado também que o de um ano antes, em abril de 2023, quando 78,3% das famílias estavam endividadas.
Segundo a CNC, o resultado reflete uma maior demanda das famílias por crédito, aproveitando a redução nos juros. A entidade prevê que o endividamento siga em trajetória de ascensão, mas alerta para a necessidade de monitoramento do risco de aumento da inadimplência, "especialmente no fim do ano".
A pesquisa da CNC considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A fatia de consumidores com contas em atraso permaneceu em 28,6% em abril, mesmo resultado visto em março. Em abril de 2023, a proporção de famílias inadimplentes era mais elevada, 29,1% tinham contas em atraso.
A proporção de consumidores que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas vencidas, ou seja, que permaneceriam inadimplentes, cresceu de 12,0% em março para 12,1% em abril. Essa parcela era mais baixa em abril de 2023, 11,6%.
"Para conseguir ter maior parte da sua renda disponível, as famílias buscaram aumentar o prazo de pagamento das suas contas. Tanto que o porcentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano alcançou 32,4%, o maior nível desde abril de 2022", apontou o estudo da CNC. "As famílias continuaram se endividando, apesar do ligeiro aumento da dificuldade de arcar com as contas futuras, graças ao maior tempo disponibilizado para esse pagamento."
Mais pobres ficam mais endividados, mas menos inadimplentes
Na passagem de março para abril, as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas, mas reduziram seu nível de inadimplência. "O aumento do endividamento sugere uma melhoria das condições de renda das famílias mais pobres", avaliou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, em nota oficial.
No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados aumentou de 79,7% em março para 80,4% em abril. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 79,3% em março para 79,7% em abril. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve alta de 75,0% para 75,5%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia cresceu de 71,4% para 71,7%.
Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso caiu de 36,4% em março para 35,8% em abril. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes avançou em 26,0% em março para 26,4% em abril. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 20,7% em março para 22,2% em abril. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes subiu de 14,3% para 14,6%.
Juro menor impulsiona endividamento imobiliário
O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, mencionado por 87,1% dos endividados, 0,3 ponto porcentual a mais que em abril do ano anterior.
"O financiamento imobiliário apresentou o maior crescimento anual, resultado da redução dos juros médios da modalidade, que atingiram o menor patamar desde fevereiro de 2022, com 8,87% em fevereiro de 2024 (ante uma fatia de 7,1% em abril de 2023)", frisou a CNC.
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