Após uma manhã de trocas de sinal, o dólar à vista passou a maior parte da tarde desta quinta-feira, 4, em leve baixa e encerrou a sessão cotado a R$ 4,9079, queda de 0,15%. Como ontem, o pregão foi morno, com pouco apetite por negócios e oscilação modesta, de apenas pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,9004) e máxima (R$ 4,9365), ambas alcanças na primeira etapa de negócios. Na semana, o dólar acumula alta de 1,12%.
O real apresentou bom desempenho, apesar da queda de mais de 1% do Ibovespa e das perdas de commodities metálicas, em dia marcado por nova arrancada das taxas dos Treasuries, na esteira de dados acima do esperado do emprego no setor privado americano, segundo relatório ADP. O retorno da T-note de 10 anos chegou a tocar 4%.
Embora analistas observem que não há uma relação direta entre ADP e o relatório oficial de emprego, o payroll, que sai amanhã, os números reverberaram no mercado. As chances de corte de juros pelo Federal Reserve em março caíram de 71% para pouco menos de 65%. Essa probabilidade já havia recuado ligeiramente ontem após a divulgação da ata do encontro mais recente de política monetária do Fed.
Apesar do avanço das Treasuries, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - operou em ligeira baixa a maior parte do dia, na faixa dos 102,400 pontos, com fortalecimento do euro após indicadores positivos na região. O Dollar Index não caiu mais em razão da valorização de mais de 1% da moeda americana na comparação com o iene, que sofreu com a queda do índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) do Japão em novembro. O dólar subiu de forma moderada na comparação com a maioria das divisas emergentes, incluindo pares latino-americanos do real, o que mostra a resiliência da moeda brasileira.
"A agenda americana tem dominado os negócios, encerrando amanhã com o payroll. Vamos ver se as apostas mais fortes em corte de juros pelo Fed em março se mantêm. Parece que o mercado já está ficando mais cauteloso", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que vê o dólar, no curto prazo, trabalhando em uma banda entre R$ 4,80 e R$ 5,00. "Esta primeira semana no mercado local foi muito fraca, com poucos negócios".
Segundo a mediana de 25 analistas consultados pelo Projeções Broadcast, o payroll deve mostrar que a economia dos Estados Unidos gerou 175 mil empregos em dezembro de 2023, o que representará uma desaceleração em relação a novembro, quando houve criação de 199 mil vagas.
À tarde, o BC divulgou que o saldo do fluxo cambial em dezembro foi negativo em US$ 13,057 bilhões, segundo dados preliminares, com saída de US$ 14,232 bilhões pelo canal financeiro. Esse rombo já era esperado dado que no fim do ano há muitas remessas de lucros e dividendos por parte de empresas.
Analistas ressaltam, contudo, que as saídas foram menores que o esperado e não chegaram a pressionar o mercado spot. O Banco Central, que costuma realizar leilões de linha em dezembro, não precisou atuar para irrigar o mercado.
No acumulado de 2023, o fluxo cambial foi positivo em US$ 11,431 bilhões, em razão da entrada líquida de US$ 49,080 bilhões via comércio exterior. A expectativa de é de que o fluxo do lado comercial seja forte também neste ano, o que deve servir de esteio ao real.
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