O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 27, que "em nenhum momento" falou em abreviar seu mandato à frente da autoridade monetária. Ele foi indagado, em uma entrevista coletiva, sobre um eventual impacto positivo nos mercados se o governo antecipasse a indicação do nome que vai substituí-lo a partir de 2025.
"Eu acho que é importante frisar que em nenhum momento eu disse que eu queria abreviar o meu mandato, de nenhuma forma. Eu acho que é importante que eu fique até o último dia. Esse é o primeiro grande teste do processo de autonomia", disse Campos Neto, na sede do BC em São Paulo.
Ele defendeu, no entanto, que a autonomia tem grande valor institucional e disse ter o dever de promover uma "transição suave", independente de quem venha a sucedê-lo. Acrescentou, ainda, que é importante que o indicado tenha tempo de fazer corpo a corpo no Senado, para a sabatina pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
"Se ter uma antecipação maior é melhor ou não para o mercado, eu acho que tem interpretações diferentes, acho que não cabe a mim falar se é melhor ou se não é melhor", disse Campos Neto. "O que eu disse é que é importante ter tempo para fazer esse processo e fazer a transição suave."
Conversa com Tarcísio
O presidente do Banco Central também negou nesta quinta-feira que tenha conversado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a possibilidade de tornar-se ministro da Fazenda, caso Tarcísio seja eleito à Presidência da República. "É importante dizer que eu nunca tive nenhuma conversa com o Tarcísio sobre ser ministro de nada", afirmou.
Campos Neto participou de um jantar organizado por Tarcísio - cotado para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 - em São Paulo. Depois, foi criticado pelo mandatário, que o acusou de ter lado político.
O presidente do BC disse que é amigo de Tarcísio desde o governo anterior, quando o hoje governador paulista era ministro da Infraestrutura. "Continuamos conversando sobre economia, como converso com vários agentes e parlamentares, pessoas do governo. As nossas famílias são próximas, então a gente tem uma amizade grande", comentou.
Campos Neto afirmou que, na percepção dele, Tarcísio "não será candidato agora" e negou ter sugerido que o governador de São Paulo não se candidate.
Ele também reforçou que não pretende candidatar-se a nada.
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