O debate sobre os 30 anos do Plano Real com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ex-chefes da autoridade monetária saiu do script para comentar a comunicação do BC. A fala mais enfática foi do ex-presidente Gustavo Franco, que reforçou a unidade da autoridade monetária.
"Na nossa época, a comunicação era meio jazz, não tínhamos as regras de hoje. O que vocês fazem hoje é mais música clássica, é um jeito de trabalhar que não deve haver improviso na comunicação. O que dialoga com outro assunto que é a colegialidade e da unidade da diretoria do Copom. Fala-se do STF, que são 11 Supremos, mas aqui não são 9 bancos centrais, é um só", afirmou.
Para Gustavo Loyola, evidentemente o grau de comunicação e transparência do BC vai aumentando, seguindo a tendência que também ocorre com as pessoas. "Acho que há certos tipos de discussão do Banco Central que eu sinceramente tenho sérias dúvidas se devem ser colocadas a público, pelo menos de maneira imediata. São discussões que devem ser feitas de maneira mais fechada até para a riqueza da própria discussão", defendeu.
Na visão de Persio Arida, haverá uma enorme modificação na forma de comunicação, relacionada à incorporação da inteligência artificial nas projeções de inflação e juros. "A comunicação do Banco Central vai ser a discordância ou concordância com um modelo de inteligência artificial. O modelo diz isso e nós achamos isso, o que envolve uma forma radical de o BC se comunicar", disse.
Pedro Malan, por sua vez, destacou que a preocupação com a guidance e comunicados tem o objetivo de ancorar expectativas e exige coerência do discurso, porque a sociedade precisa saber que a intenção de estabilizar é forte e que será seguida com tenacidade. Ele ponderou, também, a sutileza das comunicações, porque não é trivial apontar limitações para a atuação do BC em função da necessidade de ação de outros Poderes.
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